UMA IMPRESSÃO DIGITAL MUITO ESQUISITA
A minha namorada contou-me que quando foi tirar a carteira de identidade, na hora de digitar os papéis, ela e uma amiga pensaram: “perdemos a oportunidade de cometer o crime perfeito. Agora os federais têm as nossas digitais.”
Meninas deixem de ler um pouco a tia Aghata e de assistir filmes de detetive-policial-crime-perfeito. Antes do governo ter as suas digitais dos polegares, medinhos, seus vizinhos e dos fura bolos (acho que esqueci um) das mãos, ele já tinha as suas digitais, só que eram as dos pés.
Toda criança ao nascer tem a obrigação de realizar o exame do pezinho, e ai de você se resistir, eles fazem na marra.
Dizem que este procedimento identifica mais de quarenta tipos diferentes de anomalias, e além disso, o tal exame do pezinho é a nossa primeira impressão digital.
As impressões tiradas dos nossos pés são enviadas diretamente para um banco de dados nacional. Aprenderam isso com os americanos nos tempos da ditadura, não a de 64 mais, mas na de Vargas. Tudo fica lá armazenado sendo descartado apenas quando as suas digitais dos membros superiores são inseridas no sistema.
Mas alguém pode dizer: “Estou livre disso. Quando nasci não havia esse exame.” Ledo engano, camarada! Só agora que é legalizado, mas desde sempre isto é feito pelo serviço secreto.
Certa vez, presenciei um fato; uma batida policial. Um grupo de jovens reunidos, todos na” paz”. Os PM’s chegaram ordenando que todos se encostassem na parede e saíram revistando a galera. Não achadam nada. Pediram os documentos. Um dos rapazes disse que não tinha. Imediatamente, dois brutamontes o colocaram de ponta cabeça, arrancaram o tênis e passaram um papel com aquela mesma tinta azulada, nos seus pés. Isso tudo diante de muita indignação dos demais colegas.
Feito o serviço soltaram o rapaz e levaram o papel para um mini computador. Em questão de segundos uma voz rouca de robô comunicou que o jovem estava com a ficha limpa. Vi tudo da janela do meu apartamento, só não desci para reclamar contra aquela barbárie porque me roubaram a carteira com todos os meus documentos. Vai que quisessem comprovar que eu era eu mesmo...
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