O trem foi pro brejo!!!

Como dizemos nós, os mineiros,
“O trem tá feio, uai!
Caiu um trem no meu ôio!
O trem tá dueno!
Tá me dano uma vontade de cumê um trem!
Mas o trem tá demorano!
Acho que o trem foi prá água abaixo!
O trem foi pro brejo!
Mas coisa boa é trem bão!
Trem bão é muié!
Trem bão era o trem!”
Mas o trem acabou!
Que saudades que eu tenho do trem!
O trem de ferro balançando nos trilhos prá lá e prá cá.
Apitando na estação, encarrilhando o vagão na locomotiva!
E o maquinista na janela, esperando o sino soar e dar a partida!
Mãos acenando, correndo atrás do trem...
Até acabar o estrado de concreto...
E ele sumir no deserto da imensidão...
Logo já vem vindo o chefe. De terno azul marinho, boina na cabeça e alicate na mão para conferir os bilhetes.
E quando ele pula para o outro vagão, o vendedor de pastel, o vendedor de doce, o vendedor de picolé, aparece como num passe de mágica e tão logo eles desaparecem. Saltam na próxima parada!
O trem pára.
Sobe e desce de gente
É gente que vem...
É gente que vai...
O trem de lá, cruza com o trem de cá.
São mulheres lavadeiras, cozinheiras, faxineiras, músicos, crianças, cachorros, galinhas, porcos!
E lá vai o trem!
O trem que leva e trás todo tipo de gente e até os seus animais!
Transporte barato, seguro e popular.
Também conhecido como pau-de-arara!
De repente tudo fica escuro! Parece que tudo paira no ar!
O túnel engole o trem!
Batendo entre as pedras, o barulho das rodas de ferro fazendo ecoar cada vez mais alto, trazendo medo e emoção. Parece até andar mais depressa!
Logo, o sol se desespera e volta a brilhar! Lindas paisagens vão sendo vistas das janelas e em todo lugar!
Mas a viagem tem que acabar!
E o trem apita novamente, parece emitir um som deprimente!
Vai freando lentamente, vagão por vagão, até parar completamente!
Até chegar à outra estação.
E ali, ficar esquecido, como um dinossauro perdido, adormecido
Que não acordará mais.
Os trilhos arrancados da terra, como um jardim sem primavera.
E lá se foi a história feliz de uma era
Que acredito não voltar jamais!
Só restou um “trem “doendo dentro da gente
A danada da saudade do trem!!!

Valleria Gurgel
09/09/2010


Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 10/09/2010
Reeditado em 06/09/2012
Código do texto: T2490137
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.