DETALHES PROSAICOS DO MEU DIA
Porque não há nada melhor
do que um sábado em família
Há alguns minutos me dei conta de como as coisas que faço em um dia prosaico de fim de semana falam sobre a minha personalidade. Hábitos e manias, inevitáveis, ganham certa amplitude no fim de semana, quando a rotina do trabalho não está presente. Percebi que há sempre a família à minha volta – e sempre arte, cultura, informação – e isso é fundamental na minha vida.
Antes das nove da manhã, creiam, resolvi assistir “Hamlet”, o filme de Kenneth Branagh, da obra de Shakespeare. Acho que assisti a todos os filmes sobre peças de Shakespeare do último século. Li e reli as peças. Fico ruminando os seus “Sonnets” de vez em quando, como um mantra. Resultado: não resisti. Sou fã de Shakespeare e de Branagh, e fiquei lá, por três horas (com interrupções ocasionais), revendo um filme quase decorado, cena a cena. É até doentio, reconheço, mas foi uma ótima manhã de sábado.
Por volta da hora do almoço, enquanto dava um jeito na bagunça do escritório, ouvia música – o disco da vez é o concerto do Deep Purple, com orquestra, realizado em Londres, em 1999. Rock da melhor qualidade e música clássica, num casamento perfeito.
Depois do almoço, e de uma passadinha na Internet, assisti a uma hilariante entrevista com Robin Williams, no programa Inside The Actors Studio – o humor verborrágico do ator de “Bom dia Vietnã” é algo que não pode ser desprezado – e desfrutei de momentos de preguiça absoluta, com meu violão, na rede da varanda.
Às 16 horas, outro traço cultural: peguei o radinho de pilha para ouvir Flamengo X Vasco. Faço isso desde a infância. Aquela falação louca que leva você até a arquibancada é incrível. Locutor, comentarista e repórteres que deixam você como se estivesse “à beira do gramado”: era isso que eu queria ser, quando ingressei no jornalismo, mas a vida muda um pouco o rumo dos sonhos. Ao final, mais uma derrota do Mengo. A fase não está boa mesmo. Fiquei muito tempo tirando músicas antigas no violão, para me acalmar.
Lá pelas 19:30, reuni a família para assistir os “Thunderbirds” – filme com atores de verdade substituindo as marionetes da série clássica. Lembrei da minha infância, da TV em preto e branco, dos bonecos e histórias mirabolantes. Tempo bom quando até mesmo as séries inglesas, como “Espaço 1999” e “UFO” chegavam à TV aberta brasileira. O filme, realmente, não é a mesma coisa que a velha série, mais ainda é bem divertido.
A família, aliás, faz parte dessa rotina, o dia todo. Todo mundo ouve música, cada um na sua; as tribos se revezam na TV; os amigos das crianças lotam a varanda no meio da tarde; minha esposa, às voltas com seu Feng Shui, coca-cola e chocolates, ligada em tudo que se passa; as risadas e os estresses que fazem parte do viver em uma comunidade de seis pessoas.
Concluo que a felicidade existe – e que construí a parte mais importante dela ao semear esta família, ao optar por estar com ela o máximo de tempo possível, ao “plantar meus amigos, meus discos e livros”, como dizia a canção.
Que felicidade tamanha neste sábado, mesmo com a derrota do Flamengo (afinal, nem tudo é perfeito).
(Direitos reservados ao autor. Publicado pela primeira vez em 22/10/2005 no blog do autor)
Porque não há nada melhor
do que um sábado em família
Há alguns minutos me dei conta de como as coisas que faço em um dia prosaico de fim de semana falam sobre a minha personalidade. Hábitos e manias, inevitáveis, ganham certa amplitude no fim de semana, quando a rotina do trabalho não está presente. Percebi que há sempre a família à minha volta – e sempre arte, cultura, informação – e isso é fundamental na minha vida.
Antes das nove da manhã, creiam, resolvi assistir “Hamlet”, o filme de Kenneth Branagh, da obra de Shakespeare. Acho que assisti a todos os filmes sobre peças de Shakespeare do último século. Li e reli as peças. Fico ruminando os seus “Sonnets” de vez em quando, como um mantra. Resultado: não resisti. Sou fã de Shakespeare e de Branagh, e fiquei lá, por três horas (com interrupções ocasionais), revendo um filme quase decorado, cena a cena. É até doentio, reconheço, mas foi uma ótima manhã de sábado.
Por volta da hora do almoço, enquanto dava um jeito na bagunça do escritório, ouvia música – o disco da vez é o concerto do Deep Purple, com orquestra, realizado em Londres, em 1999. Rock da melhor qualidade e música clássica, num casamento perfeito.
Depois do almoço, e de uma passadinha na Internet, assisti a uma hilariante entrevista com Robin Williams, no programa Inside The Actors Studio – o humor verborrágico do ator de “Bom dia Vietnã” é algo que não pode ser desprezado – e desfrutei de momentos de preguiça absoluta, com meu violão, na rede da varanda.
Às 16 horas, outro traço cultural: peguei o radinho de pilha para ouvir Flamengo X Vasco. Faço isso desde a infância. Aquela falação louca que leva você até a arquibancada é incrível. Locutor, comentarista e repórteres que deixam você como se estivesse “à beira do gramado”: era isso que eu queria ser, quando ingressei no jornalismo, mas a vida muda um pouco o rumo dos sonhos. Ao final, mais uma derrota do Mengo. A fase não está boa mesmo. Fiquei muito tempo tirando músicas antigas no violão, para me acalmar.
Lá pelas 19:30, reuni a família para assistir os “Thunderbirds” – filme com atores de verdade substituindo as marionetes da série clássica. Lembrei da minha infância, da TV em preto e branco, dos bonecos e histórias mirabolantes. Tempo bom quando até mesmo as séries inglesas, como “Espaço 1999” e “UFO” chegavam à TV aberta brasileira. O filme, realmente, não é a mesma coisa que a velha série, mais ainda é bem divertido.
A família, aliás, faz parte dessa rotina, o dia todo. Todo mundo ouve música, cada um na sua; as tribos se revezam na TV; os amigos das crianças lotam a varanda no meio da tarde; minha esposa, às voltas com seu Feng Shui, coca-cola e chocolates, ligada em tudo que se passa; as risadas e os estresses que fazem parte do viver em uma comunidade de seis pessoas.
Concluo que a felicidade existe – e que construí a parte mais importante dela ao semear esta família, ao optar por estar com ela o máximo de tempo possível, ao “plantar meus amigos, meus discos e livros”, como dizia a canção.
Que felicidade tamanha neste sábado, mesmo com a derrota do Flamengo (afinal, nem tudo é perfeito).
(Direitos reservados ao autor. Publicado pela primeira vez em 22/10/2005 no blog do autor)