HERÓIS E VILÕES NOS DIAS DE HOJE
Quando Brown Dirty Cowboy e
Capitain Fantastic dominaram o universo
Lembro-me sempre do título de um disco antológico de Elton John quando leio as últimas de George W. Bush, o aiatolá norte-americano, e Tony Blair, o verdadeiro rei da Inglaterra. O disco é “Capitain Fantastic & The Brown Dirty Cowboy”, que fazia referência à parceria entre Elton John e Bernie Taupin e já é um clássico. Chego a sentir remorsos quando faço essa associação – mas não consigo evitar.
George W. Bush, por razões óbvias, é o próprio Brown Dirty Cowboy, uma estranha mistura de xerife com fundamentalista religioso. Chris Rock, o humorista negro americano que é um crítico ácido do “american way of life”, afirma que a massa do povo de seu país é composta por gente mediana ou medíocre. O problema, segundo ele, é que “um negro mediano vai viver uma vida inteira de privações e preconceito, enquanto um branco medíocre é o presidente do EUA”.
Bush encarna todos os meus nojos fundamentais. É como uma grande barata branca, que nem parece viver no lixo – mas vive. Diz que o programa nuclear da Coréia do Norte é “intolerável” sentado sobre o maior arsenal atômico do universo. Diz que vai levar democracia ao Iraque – na base da porrada. Diz que vão salvar a Amazônia, mas continua incentivando as casas de madeira que levaram ao desmatamento das florestas temperadas de lá. Melhor fazem os japoneses, que comem com seus pauzinhos mas não implicam com a floresta de ninguém.
Para que o dito Bush se hospedasse em um hotel de Brasília, recentemente, todos os moradores da “vizinhança” foram “evacuados”, o que, aliás, diz bem a situação do povo brasileiro.
Já Tony Blair é o Capitain Fantastic, com pose de bom moço – aquele jeito que a gente conhece bem dos filmes de 007, muito charme só pra ferrar com você. A gente assiste a algum discurso do cara e vem logo a imagem de um Peirce Brosnan. Pela pose britânica ele até poderia ser o líder da dupla, mas deu azar de que os EUA estão no comando do universo conhecido.
Enquanto ajuda causas humanitárias, como o Live 8 e o perdão da dívida de vários países da África, Blair mantém as tropas britânicas onde os EUA exigem e libera a polícia de Londres para atirar primeiro e perguntar depois – que o diga a alma do brasileiro Jean Charles de Menezes, onde quer que esteja. A Scotland Yard, que já foi um mito de polícia perfeita, agora atira para matar com armas proibidas pela Convenção de Genebra.
Não se pode culpar o regime democrático pelo surgimento destas “bestas-feras” em seus países. Por aqui surgiu uma “besta-besta-mesmo!”, que não viu e não sabe da corrupção em seu governo, e até eu votei nele. Mentiras, às vezes, são muito convincentes. E as ditaduras são como um matadouro para onde vai primeiro o boi que esperneia.
O que tira a esperança do mundo é que Brown Dirty Cowboy e Capitain Fantastic, posando de democratas, estejam transformando o planeta Terra em uma ditadura como, digamos, a do Imperador Ming no Planeta Mongo – apenas para uma referência óbvia aos quadrinhos. Bush e Blair são vilões na pele de heróis, coisa antiga nos quadrinhos, mas são rasos, sem discurso, sem magia. Não provocam ódio – a não ser na massa islâmica inflamada por fundamentalistas e oprimida pelo Grande Satã. Causam, quando muito, apenas desprezo.
Pensei até em compará-los ao Darth Sidious, o Imperador, e a Darth Vader – mas me recuso a acreditar que Bush e Blair tenham a intensidade de algum dos vilões de Guerra nas Estrelas. Nem mesmo de Jabba, The Hutt.
(Direitos reservados ao autor. Publicado pela primeira vez em 17/11/2005 no blog do autor)
Quando Brown Dirty Cowboy e
Capitain Fantastic dominaram o universo
Lembro-me sempre do título de um disco antológico de Elton John quando leio as últimas de George W. Bush, o aiatolá norte-americano, e Tony Blair, o verdadeiro rei da Inglaterra. O disco é “Capitain Fantastic & The Brown Dirty Cowboy”, que fazia referência à parceria entre Elton John e Bernie Taupin e já é um clássico. Chego a sentir remorsos quando faço essa associação – mas não consigo evitar.
George W. Bush, por razões óbvias, é o próprio Brown Dirty Cowboy, uma estranha mistura de xerife com fundamentalista religioso. Chris Rock, o humorista negro americano que é um crítico ácido do “american way of life”, afirma que a massa do povo de seu país é composta por gente mediana ou medíocre. O problema, segundo ele, é que “um negro mediano vai viver uma vida inteira de privações e preconceito, enquanto um branco medíocre é o presidente do EUA”.
Bush encarna todos os meus nojos fundamentais. É como uma grande barata branca, que nem parece viver no lixo – mas vive. Diz que o programa nuclear da Coréia do Norte é “intolerável” sentado sobre o maior arsenal atômico do universo. Diz que vai levar democracia ao Iraque – na base da porrada. Diz que vão salvar a Amazônia, mas continua incentivando as casas de madeira que levaram ao desmatamento das florestas temperadas de lá. Melhor fazem os japoneses, que comem com seus pauzinhos mas não implicam com a floresta de ninguém.
Para que o dito Bush se hospedasse em um hotel de Brasília, recentemente, todos os moradores da “vizinhança” foram “evacuados”, o que, aliás, diz bem a situação do povo brasileiro.
Já Tony Blair é o Capitain Fantastic, com pose de bom moço – aquele jeito que a gente conhece bem dos filmes de 007, muito charme só pra ferrar com você. A gente assiste a algum discurso do cara e vem logo a imagem de um Peirce Brosnan. Pela pose britânica ele até poderia ser o líder da dupla, mas deu azar de que os EUA estão no comando do universo conhecido.
Enquanto ajuda causas humanitárias, como o Live 8 e o perdão da dívida de vários países da África, Blair mantém as tropas britânicas onde os EUA exigem e libera a polícia de Londres para atirar primeiro e perguntar depois – que o diga a alma do brasileiro Jean Charles de Menezes, onde quer que esteja. A Scotland Yard, que já foi um mito de polícia perfeita, agora atira para matar com armas proibidas pela Convenção de Genebra.
Não se pode culpar o regime democrático pelo surgimento destas “bestas-feras” em seus países. Por aqui surgiu uma “besta-besta-mesmo!”, que não viu e não sabe da corrupção em seu governo, e até eu votei nele. Mentiras, às vezes, são muito convincentes. E as ditaduras são como um matadouro para onde vai primeiro o boi que esperneia.
O que tira a esperança do mundo é que Brown Dirty Cowboy e Capitain Fantastic, posando de democratas, estejam transformando o planeta Terra em uma ditadura como, digamos, a do Imperador Ming no Planeta Mongo – apenas para uma referência óbvia aos quadrinhos. Bush e Blair são vilões na pele de heróis, coisa antiga nos quadrinhos, mas são rasos, sem discurso, sem magia. Não provocam ódio – a não ser na massa islâmica inflamada por fundamentalistas e oprimida pelo Grande Satã. Causam, quando muito, apenas desprezo.
Pensei até em compará-los ao Darth Sidious, o Imperador, e a Darth Vader – mas me recuso a acreditar que Bush e Blair tenham a intensidade de algum dos vilões de Guerra nas Estrelas. Nem mesmo de Jabba, The Hutt.
(Direitos reservados ao autor. Publicado pela primeira vez em 17/11/2005 no blog do autor)