VIDA DE EMIGRANTE

O emigrante parte deixando para trás tudo, a terra que o viu nascer, a noiva, a esposa e os filhos, em busca de uma estabilidade emocional e monetária, que não consegue na sua pátria mãe. É um duro golpe para quem procura um sonho, à custa de muito trabalho. Logo que no estrangeiro o emigrante é descriminado e dão-lhe os piores dos empregos, aqueles empregos em que os indígenas do respectivos países, não pegam. Ele sujeita-se a tudo, às más condições de trabalho e aos maus tratos dos patrões, que caem sobre ele como abutres exploradores. O emigrante resigna-se e faz das tripas coração, para alcançar o seu sonho.

O sonho é uma vida melhor no seu país, com casa montada, carro e outros benefícios, porque tanto lutaram uma vida inteira. O emigrante vive com as suas parcas coisas, para poder enviar o dinheiro para o país, que deixou para trás, com lágrimas nos olhos e um nó na garganta. A partir desse dia, o dia em que parte, toda a responsabilidade é dele e ele não descura essa responsabilidade, é o homem da família, que longe dependem dele e do dinheiro, que envia. O emigrante vive em contentores, sem higiene nem condições próprias, para alguém que queira fazer uma vida, melhor da que tinha, no seu país de origem.

Trabalha de sol a sol, com cenho pesado mas no fundo acalentando o seu sonho. É isso que o move e faz ultrapassar todas as dificuldades, que um emigrante encontra, no país que o acolheu. Desde logo a língua, que desconhece, e que lhe traz imensas objecções, para se poder exprimir e fazer-se entender. Os contentores mercantis, de ferro forrado, não apresentam as mínimas das condições necessárias para se viver, ora está frio ora está calor, depende do clima e isso não é vida para ninguém. Mas o emigrante a tudo enfrenta, de peito aberto

e muita fé no coração, enviando sistematicamente dinheiro, para a sua Terra.

Adapta-se a todas as circunstâncias e faz por ignorar a crítica, que vem das mais altas instâncias ou do simples capataz. Nessa hora pensa na família e no seu bem-estar futuro, matando as saudades através de cartas escritas pelo seu punho, onde dá conta só do melhor, omitindo as peripécias, porque passa. Se ainda não é casado, escreve lindas cartas de amor à sua prometida, cartas românticas, que servem para namorar à distância, continuando a alimentar o amor, entre o casal.

E é assim que mitiga as saudades e mantém o sonho desperto, de uma vida melhor entre os seus, regressando à sua pátria querida.

Antes do regresso à terrinha, e passado alguns anos, o emigrante pode chamar a família para junto dele, lá na estranja e aí fazerem a sua vida em conjunto e com ânimo maior. Alguns passam vinte a trinta anos emigrados mas a nostalgia é maior e acabam por regressar ao seu país, já com casa própria, carro e outras regalias, pois muitos se aposentam antes de tornar ao ponto de partida, na sua almejada aldeia. Aí gozam dos privilégios de uma vida dura e sofrida, e alguns montam os seus próprios comércios, para estarem ocupados. São pessoas felizes pois valorizam o que têm, tudo à custa de muito trabalho, em Terras estranhas e desconhecidas.

Jorge Humberto

22/08/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 22/08/2010
Código do texto: T2452400
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