A vida como ela é

É bom escrever! A mim, particularmente, faz um bem danado. Os momentos dedicados à tão prazerosa atividade exercitam os neurônios envelhecidos e emperrados pela ausência da leitura ou de outra ação intelectual igualmente benéfica.

Não é esse o meu caso, felizmente.

Leio, escrevo e até insisto na prática de ações cerebrais mais vigorosas, talvez temendo o mal de Alzheimer, doença degenerativa e progressiva que compromete o cérebro, provocando perda de memória e dificuldade de raciocínio, além de complicações de ordem comportamental.

A terrível enfermidade, também conhecida como “peste negra”, tem efeito devastador sobre o enfermo e a própria a família. Embora sejam conhecidos casos em idade menor, a doença manifesta-se por volta dos quarenta anos, intensificando-se aos sessenta, exponencialmente.

Não será meu propósito, nesta crônica, tratar do assunto com maior intimidade. A falta de conhecimento científico e, sobretudo pelo exíguo espaço gráfico, imposto pela impaciência do leitor não afeito a leituras extensas, fazem-me reduzir os comentários sobre o “mal do século”, essa doença rara e amedrontadora. Quem sabe, em outra oportunidade, despenderei esforços em pesquisas que me auxiliem na execução de tarefa tão significativa.

Hoje, trato de algo similar: o envelhecimento das pessoas e suas aptidões nas diversas escalas da vida. A intenção deste cronista, até de forma jocosa, é comentar sobre as fases de nossa existência, analisando situações que vão do sucesso à decadência física e orgânica do indivíduo em sua trajetória por esse “mundo de meu Deus”.

Para expor o assunto, vali-me de interessante gráfico repassado por dileto amigo, integrante de minha extensa lista de e-mail; seu nome será omitido, por não tê-lo consultado previamente.

Vejamos, pois:

A representação da linguagem foi grafada com inteligência e espírito crítico. Confirma que a vida humana é uma eterna mutação. A gente nasce, cresce, se desenvolve, adoece e, finalmente, morre.

O gráfico demonstra que aos dois anos de idade, a criança já anda, sem tropeços; aos quatro, deixa de urinar na cama; aos doze, inicia o círculo de amizade; aos dezoito, começa a dirigir automóvel, alguns com a irresponsabilidade e a imprudência a comandar as ações motorizadas; aos vinte, inicia-se sexualmente; e aos trinta e cinco só pensa em ganhar dinheiro.

A curva, portanto, é ascendente; depois, com o passar do tempo, começa a descer. Aos cinquenta anos, continua querendo ganhar dinheiro, preocupado com a velhice batendo às portas da existência; aos sessenta, intensifica as ações sexuais, temeroso de que a disfunção erétil o alcance implacavelmente; aos setenta, ainda dirige o próprio automóvel, para demonstrar independência; aos setenta e cinco, sente a falta dos amigos, muitos deles morando nas mansões celestiais ou fritando nas caldeiras ardentes do inferno; aos oitenta, volta a mijar nas calças; e aos noventa, se conseguir chegar lá, passa a ser transportado em cadeiras de rodas, pois as pernas, tomadas pelo reumatismo, não mais ajudam.

O gráfico do sucesso sob análise demonstra claramente o subir e descer na escala da vida. Ninguém escapa. Felizes os não alcançados pelo mal de Alzheimer, preservando a memória e o raciocínio. Alguns portadores da peste negra chegam, no auge da doença, a desconhecer os membros da família querida.

Muito doloroso esse estágio irreversível da condição humana. Precisamos manter a mente e o raciocínio ativos, lendo, escrevendo e participando de eventos culturais, artísticos e esportivos, meios que, talvez, nos livrem da companhia do senhor Alzheimer.

Eu, particularmente, não desejo conhecê-lo.

E você?

Sendo negativa a resposta, comece, desde agora, a intensificar as atividades cerebrais. A boa leitura, o ato de escrever, as brincadeiras e passa tempos fazendo palavras cruzadas, resolvendo charadas, talvez o distancie da convivência com aquele senhor, péssima companhia para qualquer um de nós.

Alemãozinho terrível!