O GRUPO EXPERIMENTAL DE TEATRO DE ITABAIANA - GETI

Em janeiro deste 2010, recebi a visita do Prof. Dr. Romualdo Palhano, da UFAP, quando esteve cursando o seu pós-doctor em João Pessoa, e relembramos assaz o nosso tempo do GETI. Pediu-me para escrever uma síntese daquela tão rica experiência, para o seu próximo livro. Fi-lo de bom grado, porque o GETI para mim foi uma grande escola para as atividades que desenvolvo hoje como declamador, palestrante motivacional e mestre de cerimônias...

Lendo o blog TOCA DO LEÃO, do jornalista e teatrólogo Fábio Mozart, deparo-me com o texto, antes mesmo da saída do livro. Aí lembrei-me que o Mozart sempre está à frente do tempo rsrsrsrsrs

Leiam-no, caso queiram:

"Residindo atualmente na cidade de João Pessoa, meu grande amigo Sanderli José da Silva, gentilmente nos concedeu um valioso depoimento no dia 07 de janeiro de 2010, no qual resume em cinco relevantes parágrafos a importância do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, para sua formação política, artística e cultural:"

Eu havia consumido praticamente todos os livros da incipiente biblioteca do Colégio Estadual de Itabaiana e da sala de leitura do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, não restando muitas outras “viagens” para fazer na Itabaiana dos anos setenta. Bateu-me uma angústia danada, porque queria discutir Machado de Assis, Eça de Queiroz, Graça Aranha, José Lins do Rego, mas meus amigos só queriam discutir futebol.

O ator francês, Jean-Louis Barrault, disse que “o teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença e da angústia.” Acho que foi na busca desse soro que entrei no Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana – GETI. E dei-me bem! Alarguei meus horizontes. Naveguei em mares como Bertolt Brecht e Plínio Marcos, sem deixar de banhar-me no regionalismo de Zé da Luz e do grande Leandro Gomes de Barros.

Fui um privilegiado em ter participado do GETI. O nível de discussão sempre foi alto. Os encontros regionais de teatro, os eventos de poesias, o relacionamento com a Federação Paraibana de Teatro Amador, as suas mostras, foram salutares na minha formação artística.

Outro ponto forte é que os integrantes do GETI eram engajados. E toda “Mise-en-scène”, na verdade, concorria para politizar os homens, naquele mundo conturbado do reacionarismo. Fato que dilatou a minha consciência política.

Como tudo tem seu preço, bateu-me uma angústia na cidade de São Miguel de Taipu, num debate com o público, após a apresentação de um texto político de Plínio Marcos. Alguém perguntou a um espectador o que mais gostara no desenvolvimento da peça. Ele respondeu: “a carreirinha que o ator deu!” Éramos perseverantes, entretanto, e fazíamos a nossa parte de jovens responsáveis e comprometidos com a mudança do Brasil. Não foi fácil! Já dizia Henrique Jardiel Poncela, dramaturgo espanhol, que “o teatro é um meio muito eficaz de educar o público; mas quem faz teatro educativo encontra-se sempre sem público para poder educar.” Era uma eterna busca por esse público.

Do livro "Teatro em Itabaiana - Da União dos Artistas ao GETI"

De Romualdo Palhano, a ser lançado.