REALIDADE NUA E CRUA
Porque acredito que a inexorável
Lei de Murphy é um fato
Ultimamente, tenho investigado alguns grandes enigmas do universo, coisas que assombram a humanidade há milênios. Nada trivial ou prosaico feito discutir a origem da vida, o sexo dos anjos ou a existência de Deus – tudo isso é secundário se comparado com as pequenas coisas do dia-a-dia que tiram a gente do sério.
Por mais que me digam que a Lei da Gravidade é a mais poderosa do planeta (se você bobear com ela, cai à velocidade de 9,8 metros por segundo, ao quadrado!) eu voto na Lei de Murphy – esta sim incontornável, “intapeável”, que pode ser aplicada a tudo na vida, desde a mola solta no sofá, até o pneu furado do carro. No futuro, escreverão livros para festejar o cientista que elaborou esse sofisma – “se uma coisa tiver a chance de dar errado, ela dará” - e, é claro, eles serão editados com erros de impressão.
Com a observação cuidadosa, cheguei à conclusão de que a realidade é, e sempre foi, regida pela Lei de Murphy – mesmo antes que ela tivesse este nome. Afinal, Edward A. Murphy Jr. apenas construiu o sofisma, não criou o mecanismo sob o qual ele funciona. E mais: a Lei de Murphy tem seus efeitos aumentados exponencialmente se aplicada em contraponto a algumas frases de uso comum em nossas vidas. Digo isso e posso provar.
Uma frase simples, que é sempre desmantelada pela Lei de Murphy, é “todos os homens são iguais perante a lei”. É um caso de teoria muito longe da prática. Quem já teve algum problema judicial sabe do que estou falando. Também a clássica frase “cão que ladra não morde” nunca funciona com a gente – aquele cachorro do vizinho, que late durante toda a madrugada, no dia que fugir de casa vai morder alguém.
Pegue qualquer dito popular, aplique à sua vida, e faça o teste. O funciona muito bem com os outros, acaba dando errado com a gente. Pode parecer mania de perseguição, mas é a pura verdade. Mais do que um axioma que justifica o pessimismo, a Lei de Murphy é a verdadeira ciência do dia-a-dia. Quem nunca passou por aquela situação absurda – se você sai de casa atrasado é que tudo sai errado? Como justificar o atraso, se a verdade vai parecer mentira?
Se você não sabe, o “pai do pessimismo” na verdade achou que tinha descoberto um princípio importante para a Engenharia de Segurança. Durante estudos realizados pela Força Aérea dos Estados Unidos, em 1949, uma experiência saiu errado porque alguém havia ligado os eletrodos de forma incorreta. O capitão Murphy, num momento de absoluta inteligência, disparou: “Se houver duas maneiras de se fazer uma coisa, e uma delas levar a uma catástrofe, esta última será escolhida”. Logo seus colegas adotaram a frase como uma premissa básica no seu trabalho.
Em pouco mais de cinqüenta anos, a frase de Murphy (como ela mesma já previa) foi utilizada, torcida, adulterada e, por fim, transformada em uma piada. Lembro que, no início da década de 90, um programinha de computador (nos velhos tempos do PC-XT) abria o seu dia com diversas frases criadas “à luz da Lei de Murphy”. Um dos meus colegas de trabalho citava de cor todas aquelas frases, mas eu, otimista, achava uma besteira sem tamanho. Só que toda semana, quando íamos mandar o jornal para a gráfica, alguma coisa dava errado, o trabalho atrasava, eu fazia hora-extra sem ganhar nada, e tive que admitir a eficácia da Lei de Murphy.
E não adianta contra-atacar a frase do velho capitão Murphy com a premissa básica dos otimistas – o famoso “Jogo do Contente”, imortalizado no livro Poliana. Afinal, como é que eu ver o lado bom das coisas se, pela milésima vez, o pão caiu com o lado da manteiga virado para baixo?
(Direitos reservados ao autor - Publicado pela primeira vez em 28/03/2005, no blog do autor)
Porque acredito que a inexorável
Lei de Murphy é um fato
Ultimamente, tenho investigado alguns grandes enigmas do universo, coisas que assombram a humanidade há milênios. Nada trivial ou prosaico feito discutir a origem da vida, o sexo dos anjos ou a existência de Deus – tudo isso é secundário se comparado com as pequenas coisas do dia-a-dia que tiram a gente do sério.
Por mais que me digam que a Lei da Gravidade é a mais poderosa do planeta (se você bobear com ela, cai à velocidade de 9,8 metros por segundo, ao quadrado!) eu voto na Lei de Murphy – esta sim incontornável, “intapeável”, que pode ser aplicada a tudo na vida, desde a mola solta no sofá, até o pneu furado do carro. No futuro, escreverão livros para festejar o cientista que elaborou esse sofisma – “se uma coisa tiver a chance de dar errado, ela dará” - e, é claro, eles serão editados com erros de impressão.
Com a observação cuidadosa, cheguei à conclusão de que a realidade é, e sempre foi, regida pela Lei de Murphy – mesmo antes que ela tivesse este nome. Afinal, Edward A. Murphy Jr. apenas construiu o sofisma, não criou o mecanismo sob o qual ele funciona. E mais: a Lei de Murphy tem seus efeitos aumentados exponencialmente se aplicada em contraponto a algumas frases de uso comum em nossas vidas. Digo isso e posso provar.
Uma frase simples, que é sempre desmantelada pela Lei de Murphy, é “todos os homens são iguais perante a lei”. É um caso de teoria muito longe da prática. Quem já teve algum problema judicial sabe do que estou falando. Também a clássica frase “cão que ladra não morde” nunca funciona com a gente – aquele cachorro do vizinho, que late durante toda a madrugada, no dia que fugir de casa vai morder alguém.
Pegue qualquer dito popular, aplique à sua vida, e faça o teste. O funciona muito bem com os outros, acaba dando errado com a gente. Pode parecer mania de perseguição, mas é a pura verdade. Mais do que um axioma que justifica o pessimismo, a Lei de Murphy é a verdadeira ciência do dia-a-dia. Quem nunca passou por aquela situação absurda – se você sai de casa atrasado é que tudo sai errado? Como justificar o atraso, se a verdade vai parecer mentira?
Se você não sabe, o “pai do pessimismo” na verdade achou que tinha descoberto um princípio importante para a Engenharia de Segurança. Durante estudos realizados pela Força Aérea dos Estados Unidos, em 1949, uma experiência saiu errado porque alguém havia ligado os eletrodos de forma incorreta. O capitão Murphy, num momento de absoluta inteligência, disparou: “Se houver duas maneiras de se fazer uma coisa, e uma delas levar a uma catástrofe, esta última será escolhida”. Logo seus colegas adotaram a frase como uma premissa básica no seu trabalho.
Em pouco mais de cinqüenta anos, a frase de Murphy (como ela mesma já previa) foi utilizada, torcida, adulterada e, por fim, transformada em uma piada. Lembro que, no início da década de 90, um programinha de computador (nos velhos tempos do PC-XT) abria o seu dia com diversas frases criadas “à luz da Lei de Murphy”. Um dos meus colegas de trabalho citava de cor todas aquelas frases, mas eu, otimista, achava uma besteira sem tamanho. Só que toda semana, quando íamos mandar o jornal para a gráfica, alguma coisa dava errado, o trabalho atrasava, eu fazia hora-extra sem ganhar nada, e tive que admitir a eficácia da Lei de Murphy.
E não adianta contra-atacar a frase do velho capitão Murphy com a premissa básica dos otimistas – o famoso “Jogo do Contente”, imortalizado no livro Poliana. Afinal, como é que eu ver o lado bom das coisas se, pela milésima vez, o pão caiu com o lado da manteiga virado para baixo?
(Direitos reservados ao autor - Publicado pela primeira vez em 28/03/2005, no blog do autor)