A doçura de um paiol

Dona Rosinha, uma gordinha senhora de seus cinqüenta anos, trabalhava como doméstica na Fazenda do Pontal. Decidiu voltar a trabalhar para ajudar nas despesas da casa, ou mesmo, para ter seu dinheirinho sem precisar pedir ao marido que era “pão-duro” como ele só!

Além de arrumar a casa, ela ajudava na lavagem da roupa e a cozinha deixava sempre arrumada. Não era aquela limpeza de primeira, mas Dona Rosinha fazia de bom humor o que lhe era destinado. Mas o que mais ela gostava de fazer era levar comida para os gatos. Por causa dos cachorros, eles resolveram mudar para perto do paiol. Além do sossego, teriam também a posse de algum descuidado ratinho que por ali se aventurasse a passar, depois de se esbaldar com o milho do paiol. A mordomia maior era ter, com hora marcada, a refeição que era sempre oferecida pela prestimosa Dona Rosinha.

Era só terminar a arrumação da cozinha, colocar as panelas em seus devidos lugares, e passar mal-mal o pano no chão, a senhorinha pegava a vasilha com o almoço dos gatos e, apressadamente, descia para os fundos do quintal. Nada errado, se não fosse a demora em voltar para continuar a lida da casa. Às vezes, dela precisavam os dois velhos patrões, que gritavam por seu nome, mas nada!

Um dia, o Sr. José resolveu ir atrás para ver o porquê de tanta demora em uma simples tarefa, que ele, embora com as pernas trôpegas, fazia em alguns poucos minutos. Andou por todo o quintal e nada da “mocinha”. Foi ao pomar. Quem sabe estava ela à procura de alguma fruta. Depois de olhar cada cantinho, não restava outra alternativa, senão o paiol. E, quando ele abre a porta do pequenino cômodo, o que fez foi voltar correndo para casa, meio incrédulo e transtornado pela visão: na penumbra do quartinho, tendo como colchão as espigas de milho, a respeitável Dona Rosinha, vestida de eva, enleada estava nos braços carinhosos do caseiro!

Sr. José guardou para si o segredo da pombinha, dizendo para Dona Mercês, sua princesa, ignorar onde ela se metera, mas o caseiro, com sua língua solta, é que pôs tudo a perder.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 08/09/2006
Reeditado em 13/09/2006
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