Figuras de autoridade (submissão amorosa)

-Não gosto de ter segredos com você. - Disse-me ela, enquanto esperava a fila do cinema andar e puxava meu mindinho afim de que minha mão contornasse parte de sua cintura.

-Não temos tantos segredos, só temos muitos desejos, vem cá, me beija…

E nos beijamos na fila do cinema. Ela atender a maioria dos meus pedidos me irritava, eu não sou superior á ela, não me devia obediência, “eu não sou seu pai”.

-Desculpa, eu bem sei que te irrito quando faço isso assim…

-Não se desculpe, isso só piora o problema, porque você é assim?

-Ora, não seja tão carrasco, se não quer que eu obedeça então porque me pede essas coisas? - A fila do cinema não andava de jeito nenhum, e as pessoas perto de nós começavam a olhar, elas devem pensar que somos uns loucos, malucos! Ela tem problemas, não consegue falar baixo quando está com raiva.

-Você é linda. E é minha. E somos felizes.- E é bem verdade que ela fica linda com os olhos vermelhos de raiva, com os cabelos bagunçados de ódio e com a voz alta de desespero.

Nos beijamos. Beijo de raiva, forçado, de olhos abertos para vigiar o inimigo. A fila do cinema começa a andar, a ziguezaguear pela faixa amarela disposta antes do caixa. “Dois ingressos, por favor”.