A Verdade as vezes é dura demais

A VERDADE AS VEZES É DURA DEMAIS.

A historia do Manolo é muito interessante, e realmente aconteceu. Nos anos setenta perto do Aeroporto de Viracopos, havia um pequeno bairro com uma escola e umas cinco casas ali num barracão no fundo de uma casa viviam Manolo, um espanhol carrancudo, que saia de manhã rumo a Campinas e voltava lá pelas quatro da tarde, dava uma paradinha no boteco da esquina e depois vinha pra casa descansar. Dentro de seu recinto havia apenas um velho rádio, algumas revistas, e sobre a mesa cartas, muitas cartas de seus familiares na Espanha. Mirtes era sua vizinha da casa da frente, seu pai trabalhava no aeroporto e no correio apanhava a correspondência do Manolo e as entregava para Mirtes, sua filha, que entregava ao velho. Ele lia, e ditava a Mirtes a carta de resposta, ali dizia que estava bem, vivia numa bela casa, não precisava de nada, tinha todo necessário, enfim iludia a si mesmo.

E assim foi passando o tempo, até que um dia chegou num avião da Ibéria uma senhora muita bem vestida, e no aeroporto após passar pelas autoridades se dirigiu ao balcão da Alitalia e perguntou pelo Sr. Jorge pai da Mirtes que ali trabalhava, chamado pelo radio o mesmo compareceu e depois de se apresentar à sra. Dolores, foi com ela até sua casa, onde Mirtes já os esperava, eram dez da manhã e Manolo estava em Campinas trabalhando numa pequena tabaqueira. Mirtes a levou até o fundo do quintal onde mostrou onde Manolo dormia, Dolores se chocou com a simplicidade e a falta de higiene ali existente, mas, voltando à casa da frente, explicou que como estava preocupada com seu irmão, e com a morte dos demais parentes na Espanha, ela e ele, eram os únicos herdeiros de propriedades na cidade de Barcelona, casas, apartamentos e até uma Industria de moveis deixada pelos seus pais.

Foi com ela até seu quarto e ali a deixou descansar um pouco depois de almoçarem juntas.

Às quatro da tarde Mirtes foi até o bar e disse a Manolo que ele tinha uma visita, e que se apressasse para a volta, ele quis saber quem era, mas Mirtes disse que era uma surpresa.

Quando adentrou sua pequena choupana, e abriu a janela, viu sentada em sua frente uma distinta senhora de cabelos brancos que somente disse:

-Querido que prazer te ver, Manolo quase teve um colapso, a abraçou sem dizer nada, e depois de refeito, começou a fazer perguntas, e Dolores apenas o olhava com lagrimas nos olhos, lembrando a infância passada junto, e a separação pela teimosia desse homem que queria que sua vontade prevalecesse sobre tudo, depois de algum tempo, Dolores disse pra ele se preparar pois precisavam voltar juntos para a Espanha, muitos papeis deveriam ser assinados, e senão, com a morte dela, tudo iria ser devolvido ao estado, pela ausência de herdeiros legais.

Manolo surpreso quis saber de tudo e disse se não poderia assinar aqui no Brasil tais papeis? Dolores lhe disse que em Barcelona ele teria um belo apartamento ou casa para morar, dinheiro no banco, o que ele estava esperando?

Manolo disse que não queria voltar pois estava bem aqui, Dolores lhe disse que tudo bem que ele estivesse bem nessa condição mas, era necessário sua presença na assinatura dos papeis e depois ele poderia voltar, se quisesse.

Assim foi veito depois de uma semana, lá foram Manolo e Dolores de volta pra Espanha.

Um ano depois Mirtes recebeu uma carta com muitas fotos dentro, lá via Manolo com Dolores na praia, nos museus e nos belos restaurantes, e ficou feliz por saber que ele estava bem e que tinha encontrado sua irmã ainda viva.

Pediu ao seu pai Jorge que derrubasse a casinha do fundo pois não tinha mais nenhuma utilidade, Jorge num fim de semana junto com seu filho preparou as ferramentas para a derrubada, quando na sexta a noite escutou um carro parar defronte à sua casa, abriu a janela e chamou a filha, surpresos viram Manolo, com umas malas descendo do táxi e se dirigindo pelo corredor lateral pra casa dos fundos.

Sairam e perguntaram por que ele havia voltado?

Minha irmã começou a me encher o saco...