Sonhos sujos, inocência pífia
E me tentava de todas as formas, dizia que me amava, que queria morar na minha casa…Doce, pequena, ingênua tentação…E eu quis ceder, e planejei ceder, e montei todas as situações possíveis em que eu poderia ceder…E evitei, evitei todas essas situações “de risco” em que eu tinha a absoluta certeza de que não poderia de nenhuma maneira conter a libido…Mas o que a minha cabeça condena meu coração só diz “vai em frente” e eu fico tão perdido, Deus…
Ela não sabe o que faz, e fica tão magoada quando eu não permito que ela chegue mais perto, porque eu faço tanto sofrer quando só quero poupar dor? Seria tão mais fácil, tão mais simples, tão melhor se eu levasse ela pra passear, se eu a abraçasse, se ela fosse maior! Se ela fosse maior, ai, paciência…Se só de pensar já fico na ânsia de adiantar os ponteiros do relógio…O que essa menina faz comigo? Ah, ela não quer meu bem, só pode ser, não existe e não pode existir tamanha ingenuidade, tamanha sinceridade num simples pedido “me abraça, tio”…E isso me dá uma certeza; ela quer!
Ela quer, quer sim, e quer com toda a vontade do corpo de menina, quer com todos os poros brancos, quer com todos os fios loiros da nuca arrepiada, ela quer, me quer! Só pode, eu tenho certeza! Ai, menina, sem você tudo é tão confuso…E eu te quero também, do mesmo jeito que você me quer, do mesmo jeito sem mudar nada…Ai, e como é bom, ceder…Repousar em ti todo meu amor, e você gostar disso…É verdade, menina, os meus sonhos são tão sujos quanto sua inocência é pífia…
“Me faz carinho, tio…”