A nossa seleção de 1990

A década de 90 se iniciava com muita festa. Era o ano de 1990, eu tinha 30 anos de idade e morava em Rio Verde, mas tinha residência também em Goiânia. Havia expectativas de melhorias em todas as áreas. No mês de julho a Itália realizaria a Copa do Mundo de Futebol. O Brasil mais uma vez chegaria como favorito por ter conquistado 03 títulos, apesar de um jejum de 20 anos.

A última conquista foi em 1970. Lembro-me que tinha 10 anos de idade, e assistia aos jogos em preto e branco. Morava com meus pais e mais 04 irmãos em uma cidadezinha de nome Interlândia, distrito de Anápolis, Goiás. Mas eu ainda me lembro que eram jogos emocionantes e havia muitos torcedores. Gostava de colecionar álbuns de figurinhas, e sabia de cor e salteado toda a escalação da nossa seleção, ou seja: Félix, Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Gérson e Clodoaldo; Pelé, Rivelino, Tostão e Jairzinho.

Naquela época havia uma música, ou melhor, um hino, uma corrente pra frente que envolvia até as pessoas indiferentes. “90 milhões em ação, pra frente Brasil! Salve a seleção!...” Os jogadores eram sérios, como soldados em defesa da pátria, corriam e lutavam pela bola, pela sobrevivência em campo. Eram todos cheios de garra e de talento. O país estava unido por um futebol maravilhoso, cheio de glória e esplendor. Lembro-me da decisão, em que nossa seleção ganhou da Itália por 4 a 1 e conquistou a taça Julis Rimet.

Entramos em decadência com a nossa maior paixão. O nosso futebol virou uma máquina de ganhar dinheiro. Apareceram novos cartolas. Nossos craques se encheram de vanglória, querendo mais e mais, e foram jogar no exterior atrás de dólares. Enquanto que no Brasil o futebol se centralizou no eixo Rio – São Paulo, com alguns times com prioridade sobre a seleção. A nossa seleção era um combinado de 02 clubes, mais os medalhões do exterior.

Destarte o Brasil deixou de ganhar os títulos que o consagrou. Os clubes também se enfraqueceram, deixando de ganhar títulos internacionais como a Taça Libertadores da América e a Copa Conmebol, por não terem condições de manter bons jogadores que revelados logo eram vendidos para a Europa. Os estádios se esvaziaram, com os torcedores desmotivados.

Mas o futebol ainda era a nossa maior paixão. O país era tido como um celeiro de bons jogadores, e ainda tínhamos craque como Zico, Falcão, Sócrates e Toninho Cerezo, que também foram jogar no exterior. Era uma questão de nos reorganizarmos, que voltaríamos a ser campeões. O nosso futebol ainda era um espetáculo para o mundo, mesmo com os clubes e a seleção não conquistando títulos. A nossa seleção conquistou invicta a Copa América de 1989, que já era um começo. A seleção estava muito convicta e havia muita torcida pela conquista da Copa de 90.

Não foi dessa vez! Os jogadores ansiosos pela conquista de uma Copa do Mundo, pois há 20 anos não ganhavam, jogaram mal, perderam nas oitavas de final para a Argentina por 1 a 0, a nossa maior rival. A seleção de 90 não era tão ruim, havia craques como Taffarel, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha, Dunga, Romário e Bebeto. A Itália ora desacreditada foi a campeã com um futebol medíocre. O técnico Sebastião Lazaroni ficou sendo o maior culpado por não achar um esquema para a seleção, e também faltou a união de nossos jogadores. Dunga também ficou sendo culpado por não acertar o meio de campo. A nossa seleção voltou mais cedo do que se imaginava, e sem o técnico que não quis voltar de imediato para o Brasil. Nós torcedores, mais uma vez ficamos desapontados.

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 29/05/2010
Reeditado em 02/06/2010
Código do texto: T2286810
Classificação de conteúdo: seguro