QUEM VERDADEIRAMENTO NÓS SAMOS?
QUEM VERDADEIRAMENTE NÓS SOMOS?
Fascina-me viver e explorar o universo externo e interno das pessoas humanas. É deslumbrante quando conseguimos adentrar nesse mundo enigmático das pessoas. Mergulhar de cabeça nesse desconhecido e fantástico ambiente psíquico, com seus paraísos e seus manicômios, a propiciar-nos aprendizados magníficos.
Cada pessoa é um mundo, alguém já falou isto muito sabiamente. O espaço ocupado por uma forma humana é único, não admite comparações com outro espaço. Até pode haver semelhanças, porem jamais serão iguais. A unicidade desse espaço é dogmática.
Eu, lógico, como humano que sou, tenho também as minhas marés, com altas e baixas, logo sou parte dessa experiência, que é a vida terrena dos seres humanos. Nesse caminhar somos um eterno laboratório, um grande palco onde a cada dia encenamos uma nova peça.
Convivo diariamente com certo numero de pessoas e, por vezes me sinto em um lugar árido, sem vida e, por outra, em um oásis; mesmo que já tenha contemplado aspectos desérticos no que tange ao sentimento humano dessas pessoas, em níveis variados.
O ser humano é dotado de belezas e também de estranhezas psíquicas; ora porta-se como diamante lapidado e noutra como uma pedra bruta.
Não tenho cabedal nem pretensões para discutir ou expor as características psicossomáticas da pessoa humana, mas apenas e tão somente, algumas observações captadas no dia a dia dessa caixinha de surpresa, o humano.
Existe uma tendência do individuo humano em não olhar para dentro de si mesmo, em primeiro plano, porém para aquele que está mais próximo de si. Assim, fica difícil ser o que realmente teria de ser. Acredito que o homem, ao ser dotado de todas as faculdades psíquicas, ele o foi para ter vida própria, para fazer brilhar a sua própria luz.
Mas a miopia da visão humana encurtou esse foco. O homem deixou de se enxergar como um todo, passando a ver e desejar mais o que o outro possui, em detrimento do seu crescimento como pessoa.
Este, na ânsia da absorção dos seus desejos, não se questiona e, nem sequer atina para que o sirva aquele modo ou objeto do outro. Na realidade, ele nunca está satisfeito com o que vê através do espelho.
A insatisfação humana não tem precedente. Se ele é magro, quer engordar, se é gordo quer emagrecer; se é bonito arranja um defeito e quer fazer uma cirurgia para melhorar, segundo sua ótica; se é bom quer parecer mal, se é mal, quer que o aceitem como bom, e por ai vai...
Há ainda as pessoas que não toleram ver a evolução do outro. E por despeito ou inveja, não hesitam em lhe derrubar. São poucas as que num meio profissional, estendem as mãos para trazer o outro ao patamar que lhe cabe.
E nessa viajem percebi ainda, que o ser humano é carente em quase tudo, que diz respeito ao seu emocional. É também ciumento de suas amizades, de suas coisas materiais, por menores que sejam por insignificante que pareçam aos outros.
Melindra-se com muita facilidade. Toma para si, segundo a sua interpretação, palavras proferidas, mesmo que estas estejam sendo direcionadas a um público.
A contrapartida por tudo isto é a paranóia, a hipocondria, os desajustes psicossociais e a falta de humor das pessoas.
Porem, eu já presenciei muitos feitos adversos a tudo isso. O homem luta para exercer a virtude “bondade”, de uns para com os outros. E isso é bom. A luta interior exercida por este em favor de um “EU” melhor, mais tolerante, mais harmonioso e menos agressivo é o que eu chamo de: visão futura e fascinante da busca humana. Embora, ainda inconsciente ao homem de hoje. O ser humano é bom, ele apenas se permite ser mal.
Rio, 23/05/2010
Feitosa dos Santos