Foto: minha filha Suzi nas Filipinas


Mater Sempiterna


₢Dalva Agne Lynch


Ele seria para sempre o bebê. Não importa que já passasse dos trinta, e não importaria se tivesse sessenta. Sentou-se à beira da cama, olhando-a. Ela dormia com tanta paz, apesar das dores! Observou seu rosto cansado. A história da vida dele estava escrita naquele rosto envelhecido.

Seu primeiro grito, na violência do parto. Foi um eco ao grito dela, ao ejetá-lo de seu corpo.

Aquela vez em que caiu do balanço e feriu a cabeça - o vestido dela se manchou de sangue, mas ela nem percebeu. Estava chorando junto com ele. E quando o susto passou, riram-se os dois, confortados.

E depois ele se perdeu no shopping, e ela veio ao seu encontro, o rosto molhado de lágrimas por detrás do sorriso.

No dia de seu casamento, outra vez o sorriso e as lágrimas se misturando.

Sorrisos e lágrimas. Sorrisos e lágrimas, deixando marcas naquela face... O rosto dela era o mapa de sua vida.

Acariciou-lhe suavemente a pele macia. Ela abriu os olhos com esforço e sorrindo murmurou, antes de fechá-los para sempre:

"Ah, meu bebê..."




Ilustração: minha filha Suzi. Montagem e animação ₢ Dalva Agne Lynch, 2009
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 04/05/2010
Reeditado em 07/05/2017
Código do texto: T2236925
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