O Silêncio e seus lados

Silêncio.

Constrange os desconhecidos dizendo em sua totalidade o quanto são e serão desconhecidos eternamente, e que nada, nada absolutamente pode preencher o vácuo da falta de afinidade ou química incondicional.

Acalma os conhecidos de alma, e mostra o quão é desnecessário qualquer gesto ou ato que o interrompa, quando o todo é constituído de forma amena e completa, palavras se fazem desnecessárias, todos tem um comum na mente, na alma e em qualquer coisa que o valha, ele preenche de forma sustentável o universo e nada mais pode quebrar o elo estabelecido entre almas que assim entendem e são privilegiadas de perceber isso em fato.

Silêncio.

Mata a alma e seca os sonhos, interrompe o pensamento e cala o grito, leva para longe as almas perdidas e sem rumo, o coração inquieto enlouquece e a consciência devaneia pelo corpo que já não mais responde, letal, amargo e injusto.

Revigora a ordem do pensar, rega as sementes em sabedoria, leva a voz as palavras certas a dizer e soprar ao vento, faz ouvir o sentimento que bate no coração, traz de volta da loucura quem assim o quer, benéfico, doce e por vezes justo.

Silêncio.

Cara e coroa, direito e esquerdo, mau e bom, sal e açúcar, trepar e fazer amor, carinho e dor, solidão e paixão, homem e mulher, céu e terra, fogo e água, vida e morte.

O silêncio carrega em si a totalidade da existência, da vida e da morte, compreende em seu sutil momento a diferença entre verdades e mentiras, do homem dentro do homem, se houver. Faz ouvir o ego, o ódio, o amor, é amigo e inimigo, é variável e absoluto, flutua e vem sem o querer, tem sua vida própria e nos conduz ao pensamento certo ou errado de acordo com nossa própria conveniência, sim, o silêncio é o motivo e a justificativa que falta para mudar o mundo ou enlouquecer os borbotões. Breve ou longo, será sempre a ausência do que se dizer e o total e absoluto direito de pensar, dentro de toda matéria prima que dispomos dentro da historia, capacidade de interpretação e motivos aos quais nossos sentimentos nos conduzem. Antes do gatilho puxado e do beijo dado vai existir sempre, o silêncio.