Crônicas Terminais IV
Essa luz que me cega e ilumina meu coração, queima meus olhos e ofusca minha visão.
Peço ajuda de anjos em novenas desesperadas, mas cada vez mais me afundo no abismo dos meus sonhos.
Grito por ajuda, então essa luz vem e me fere.
“Tirem-na daqui! Tirem-na agora! Ou abandonem essa velha carcaça que é a única coisa que protege essa alma imunda da luz do fim do túnel!” Eu grito em prantos, mas os médicos já não ligam para o que digo.
Meu coração esta cada vez mais exposto, e sinto os cortes nele, a dor é alucinante, mas já não mando mais no meu corpo há muito tempo, mas será que ninguém vê que eu ainda sinto dor?!
Mas ainda assim meu corpo é levado pelos homens de branco cálido em direção a luz, meu corpo só quer ver o que é que brilha com tanta intensidade, mas minha alma já não suporta mais.
Aos gritos e prantos eu nego! Quero me perder na minha própria ilusão, desaparecer dentro dos meus sonhos e ali adormecer para sempre, quero voltar ao meu mundo de sonhos onde ali ao menos posso ser alguém, onde todos podem entender minha súplicas contra essa luz que atrai meu corpo cada vez mais com a ajuda dos médicos.
Enfim sinto que meu coração já não bate mais, meu espelho de sonhos se parte e tudo se esvai entre meus dedos.
E cada vez mais, ainda assim me arrastam para a luz, que agora já começa a não me queimar mais, já não sinto mais nada, fico finalmente cego.
Cada vez mais sinto essa luz invadindo minha alma, meus sentimentos e aos poucos vai cauterizando tudo até não restar mais nada.
Sinto finalmente que tudo se vai... Se vai... Se...