CAZUZA NÃO FAZ MAL NEM UMA

"Como varizes que vão aumentando; como insetos em volta da lâmpada"

(Cazuza)

Estava à toa na vida e a internet me chamou. Ih! Meios acordados, ainda meio que pão dormido, sujeitam meus olhos a toda uma jorrada de excrementos cibernéticos. Na contramão da preamar baixa amar é cultural tu piniquinhos repassados como se fossem o último coito do pacote de dados, terminados originariamente em preto e branco: “envie ao maior número de amigos possíveis”. Será possível?

Tanto bate até que fura que nem se escondem suas crianças, não! E me deparo com Mal Nem Uma dando tiros a esmo em letras garrafais na minha caixa bostal, como quem leva uma topada. De repente, Nem Uma que se conheça começa a bater sem se abster: “Cazuza, um idiota morto”, dizia Uma mais morta do que outra coisa. “Eu vi a cara da morte e ela estava viva”, retumba Cazuza.

Fico a me perguntar? O que Mal Nem Uma faz? Mal Nem Uma não faz. Só bate pra fora. Começa a acabar-se com o título ao pensar na morte da bezerra. Não tinha o que dizer por recalque de desconhecidos heróis e com medo da filha que se interessava num filme de horário duvidoso, esganiçou-se a escrever droga Nem Uma. Em toda overdose há sua exceção; e a e-moralidade descarregou-se pelas narinas latrinas dos becos.com canalhas em flor.

Só porque ele não se absteve de apanhar seus heróis que morreram de overdose de vida ao encarar a morte ainda que viva. Nem Uma se apavorou, enviou, mas não deu o endereço: não ouve resposta. Estilhaçou as vitrines coloridas da noite, rondando a cidade a lhe procurar, sem lhe encontrar no meio de outras mulheres, rolando dadinhos, jogando bilhar. E neste dia, então, mutilou todos os artista e fãs da primeira edição da cultura universal numa tacada de asno só, mas em vão.

Sim, a cara da morte está de cara e viva a ameaçar via net, e não foram duas nem três. Mas Uma psicóloga enojada a teclar sua enjoada TPM (tapa post mortem) que se Seixas de chamar o Raul pelo Gogh; ou foi Elvis que não Monroe? Fica de Kafka e descreve numa Hemingway cor de Rosa Joplin sua ignorância. Pollock com isso!

Não sábia, sabia Mal Nem Uma de cultura, milenar escrava da pobreza espírita de porco espinha na sua cara de abortada; e ela estava viva: “quem são estes idiotas mortos?” Indagou, munida de todos os argumentos de Um Dia De Cabelos em Fúria, dos inimigos no poder de suas calcinhas histéricas, historicamente estéreis. “Senil! Mostra a sua cara! Quero ver quem paga pra escrever assim!”, retruca a cara da vida, ainda que morta.

Necadipitibibira! Bate e repassa há três anos na mesma tecla e não toca nada de Nem Uma nota só o que ela fez: afunda o coração dos desprevenidos em emoção e de noção, indefesos contra o despotismo de capa e espada espalmada que diz, “tenho moral!”

Nem Uma nem outra tem moral para atirar a primeira pedra, iá iá, aquela que não sofreu por overdose de amor à vida, à arte; ao seu redor o incentivo de toda uma geração de crucificados pela ignorância que jazz lesa: “nem chamem o síndico, nem chamem o hospício... não! Chamem Uma barata morta, ainda que aparentemente viva.”

E lá estava em frente à telinha ponto g-nocídio da pica-pau cultural cheia de violência e ódio pela arte em maiúsculas ameaçadoras, escancaradas de tédio virtual pelo sofrer em exigências contra os heróicos loucos de pedra mármore de Carrara da arte pela arte, com soco arcanjo em narizes cínicos: “Porque não falas? Inda te ris?”

Que mal há Nem Uma? A não ser, ser ela a mesma?

“Aqui nesta casa ninguém quer a sua boa educação”, avisa Marisa Monte de razão.

O menino não era como ela queria que fosse ele, ela à sua filha, heroína ao bater em herói morto. Chá de trombetas da verdade nada nua e crua em sua piscina que está cheia de ratos. Psicóloga afetada afeta mina, inimiga ao usar e-moral contra a arte, grita para que todos ouçam o seu retumbante recalque etéreo: “idiota morto, morra!”.

Mal Nem Uma bate-se em morto. Só se for a dois.

Persépolis logo que não se pode andar de mãos dadas às suas aparências enganosas de moral vencida, que Nem nos persegue em lugares que não morram de overdose em apenas Uma mensagem chula pela internet. Mal de Nem Uma é dose pra que leiam. Reverbera de boca em boca pelas incultas vítimas do apocalíptico claustro intelectual que se instala na sala de estar de todas as retretas de nossos monitores alheios às nossas vontades. Assim na Terra como no seu.

Em queima impiedosa, inquisitória do pensamento fahrenheit 451 mil motivos para anos preocuparmos se a deixarmos passar por debaixo da Matrix fundamental. Uma vilania no poder que nos cala com fitas de áudio e vídeo cacetadas na maior cara de pau, em que Bete Balança o mau humor. Nem me avise quando for embora.

E não há Mal Nem Uma em ser si mesmo: a gente não quer só comida; a gente quer bebida, diversão, balé. Não a vida como Uma qué.

“Escondam suas crianças! Chamem o síndico, chamem a polícia, chamem o hospício!”

Não, Mal! Volte para o seu lar.

De retro já-pra-lá!