A casa caiu? Mesmo? Duvido!

“A casa caiu”. Esta, a reportagem de capa da revista Veja desta semana. O semanário de maior circulação no Brasil trata, em detalhes, do esquema montado em 2002 por Luiz Malheiro, então presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários, no estado de São Paulo.

Naquela época, Malheiros convocou funcionários, empreiteiros e fornecedores para lhes anunciar o apoio da Bancoop à candidatura de Lula à Presidência da República, e que a contribuição das empreiteiras seria mediante a emissão de notas frias em favor da Bancoop, esquema que funcionou intensamente em 2002.

A maracutaia, para usar costumeira expressão de Lula, quando se dizia fiel a princípios éticos e honestos, funcionava assim: A Bancoop pagava os serviços fictícios, cobrados por empreiteiros à vista de notas fiscais frias, mediante emissão de cheques nominais às empresas ou a seus diretores.

Os cheques da Bancoop eram descontados na boca do caixa e o dinheiro repassado, posteriormente, a João Vaccari Neto, diretor da entidade e atual tesoureiro do PT. As entregas do numerário foram efetuadas semanalmente e duraram até 2004, ano em que morreram, em acidente de automóvel, Luiz Malheiro e dois outros dirigentes da cooperativa.

Em dezembro de 2004, segundo apurou a revista Veja, a Bancoop, por intermédio da corretora Planner, captou mais de trinta e seis milhões de reais de fundos de pensão de estatais, controlados pelo Partido dos Trabalhadores.

Pobres fundos ricos!

Entre 2005 e 2006 foram repassados à empresa Caso – Sistemas de Segurança (e que segurança!), pertencente a Freud Godoy, ex-guarda costas do Lula, um milhão e quinhentos mil reais. Godoy é um dos aloprados que compraram dossiê falso para incriminar o candidato a governador de São Paulo, José Serra, na campanha de 2006.

A Bancoop, com dois mil associados, pessoas humildes, de parcos recursos, que acreditaram na lisura dos negócios administrados por entidade partidária que antes se dizia honesta, o PT, deu um gigantesco calote nos adquirentes, como Heleno e Tânia de Oliveira, lesados em sua boa fé. O déficit da cooperativa fundada por Ricardo Berzoini, também um dos aloprados do dossiê tucano de 2006 e atual presidente do PT, alcançou a expressiva soma de 135 milhões de reais.

Depoimentos colhidos pelo Ministério Público, ainda segundo a revista Veja, dão conta de que o dinheiro da Bancoop serviu para abastecer os cofres da campanha que levou Lula à Presidência da República, em 2002.

João Vaccari Neto – gravem bem esse nome – é o atual tesoureiro do PT e, por certo, cuidará das finanças da campanha da Dilma, embora ela o tenha negado em notícia veiculada na Internet, no dia de hoje, 09 de março de 2010.

Chamo a atenção do leitor para o que Vaccari seria capaz, como tesoureiro da campanha da Dilma. Rebusco na memória o que disse a reportagem: “Um dos dados mais estarrecedores que emergem dos extratos bancários analisados pelo Ministério Público é o milionário volume de cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma ou para seu banco: 31 milhões de reais só na pequena amostragem analisada”.

Transcrevo, ainda, o que disse o promotor de Justiça José Carlos Blat, após analisar mais de oito mil páginas de transações efetuadas pela desqualificada cooperativa: “A Bancoop é hoje uma organização criminosa cuja função principal é captar recursos para o caixa dois do PT”.

Entenderam a gravidade?

Se tudo ocorreu na gestão de Vaccari como diretor financeiro e presidente da Bancoop, o que poderia ele fazer como tesoureiro geral do Partido dos Trabalhadores e da campanha presidencial de Dilma Rousseff?

Você sabe.

Eu, também!

O que não será capaz essa gente, agora no poder, arrecadando somas astronômicas de empresas coniventes com a corrupção que advirá da nova gestão administrativa do país? A Justiça... Bem... A Justiça... Desculpe o leitor, mas não me sinto encorajado a emitir juízo de valor sobre julgamentos políticos, ao saber que processos caducam esquecidos nos escaninhos do Judiciário. O caso Arruda, do Distrito Federal, talvez não passe de um lampejo de moralidade, de eficiência ou... Simplesmente, não sei o que dizer.

Os exemplos são muitos.

Os resultados, poucos e desanimadores.

É o Brasil, com sua Justiça cega, capenga e preguiçosa!

Terei eu, razão, ao emitir tal julgamento?

Infelizmente, é o que temos visto e crido.

Se, como diz a reportagem, à vista de informações obtidas do Ministério Público, a campanha presidencial em que Lula tornou-se o que é hoje foi custeada com recursos ilícitos, advindo de entidade (cooperativa) que não poderia contribuir com campanhas eleitorais, por impedimento legal, o mandato do presidente deveria ter sido cassado.

A casa caiu, como diz o título da reportagem da Veja?

Duvido!

No poder, eles fazem o que bem entendem.

Nós pagamos a conta.