RIO

Cheguei ao tempo em que só quero a calma de não ter projetos para depois desse arame que cerca o meu quintal. Tampouco para depois dos afetos que o braço alcança ou do sonho de ver simplesmente que o pomar frutifica.

Hoje quero ter minhas filhas no prumo dos olhos, até quando for próprio que elas tomem seus rumos amadurecidos. Algo para nunca esquecerem o mapa do ninho que lhes deu asas, mas também manteve as raízes.

Faz tempo que recolhi as ambições de quantias e bens. Converti meus valores, reformei os conceitos ultrapassados e dei ao peito a riqueza do compasso livre. Aos pés, a soltura dos passos que não querem além do sensato.

Posso dizer que tenho tudo, e sorrio prá vida que hoje flui; não acelera. Se outrora fui um mar de procelas, tornei-me um rio de percurso constante na várzea de minh´alma.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 21/02/2010
Código do texto: T2099088
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.