A violência assusta

Geografia é a ciência que descreve a superfície da terra e estuda os acidentes físicos: solo, clima e vegetação. É a geografia física. A geografia humana trata dos efeitos da atividade do homem sobre a terra, enquanto a geografia política encarrega-se das relações do Estado com o meio. É a geopolítica.

Direito é a ciência que disciplina nossas relações com a sociedade. O poder legítimo. A faculdade concedida por lei. Também costumamos dizer que quem é íntegro, sincero, leal, justo, franco e probo, é direito. Isto mesmo, correto. Honesto. Respeitador das leis.

Não sou geógrafo nem advogado. Muito menos escritor ou jornalista. Apenas um modesto contador, graduado em uma ciência que forma especialistas em registros operacionais, análises econômicas e financeiras, e que, às vezes, revela ávidos observadores, excelentes críticos e implacáveis investigadores. Não é o meu caso. Sou, sim, um assíduo leitor que, cansado de ler, escreve. Ocupo o tempo de aposentado roubando preciosos momentos dos amigos, a quem peço para ler os meus escritos. Se o fazem a contragosto, não sei.

Citei a Geografia para lembrar as agressões à natureza, a poluição do ar e dos rios, a devastação das florestas, a contaminação do solo com agrotóxicos, lixo químico, materiais radioativos e a exaustão das riquezas minerais, descontroladamente. O Estado é tardio em policiar e punir a criminosa degradação do mundo natural, descumprindo o seu dever nas relações com o meio-ambiente.

Igualmente, mencionei o Direito, que disciplina as relações do homem com a sociedade, por desejar tecer comentário sobre esse animal social que, embora dotado de inteligência, desobedece às leis, atenta contra o patrimônio público e privado, chegando a tirar a vida do seu semelhante.

Por que as pessoas, nascidas do amor, tornam-se irresponsáveis, desonestas, agressivas e extremamente más? Os desvios de conduta acontecem por variados fatores, cabendo às autoridades corrigi-los, mediante adequado tratamento, não se esquecendo de punir os infratores com o rigor.

O Brasil abriga considerável número de ladrões. De todos os tipos. Do marginal comum, pobre, analfabeto, formado no crime desde tenra idade, até o delinquente rico, escolarizado, doutor, mestre em fraudar licitações e contratos, especialista em desviar verbas públicas e encaminhá-las a paraísos fiscais, para benefício próprio.

Para completar o ciclo da desordem social que toma conta do Brasil, registramos assustador aumento da violência urbana. Segundo conceituada revista semanal, cento e dez pessoas são assassinadas por dia em todo o país. O número de sequestros cresce assustadoramente, ultrapassando três centenas nos últimos cinco anos. A selvageria passa dos limites. Os bandidos sequestram e mutilam suas vítimas, impiedosamente. Não raro, recorrem à mutilação para amedrontar a família, responsável pelo pagamento do resgate. Cortam orelhas, decepam dedos, ferem, maltratam, matam.

São hostilidades sem limites, selvagens e desumanas. O homem agride a natureza com consequências, às vezes, irreversíveis; rouba, mutila e mata seu semelhante, cada vez mais, sem escrúpulos, sem piedade, sem remorsos. A sociedade precisa reagir, exigindo que as autoridades tomem providências concretas, urgentes e severas. Não aguentamos mais. Tememos por nós, hoje, e por nossos filhos e netos, amanhã.

Um futuro deveras assustador. E incerto.