Eu prometi que viria

Das últimas vezes que nos vimos as coisas não andavam muito bem. Na derradeira, olhares lacrimosos prometiam um nunca mais, sem que o coração concordasse.

A distância faz as pessoas tão belas, digo por que seu sorriso ficou mais lindo ainda depois de a última noite. Dormimos abraçados no silêncio da despedida, mas dentro de mim eu prometi que viria. Bem, dizia de como a distância faz as pessoas tão belas. Ouvia sempre os amigos dizendo-me isso e pensava surpreendido: então, porque não ficaram juntos? E dava o assunto por encerrado.

Hoje me surpreendo com sua beleza, seu sorriso doce como nuvens de algodão, seus olhinhos de bilóca, tão azuis que eu me sentia nadando no céu. Seu colo que me recebia como útero materno e aquecia, protegia. Seu colo que amava como lábios.

Já nem sei se a distância deixa as pessoas belas, você não. Você é bela. Imagino meus velhos amigos e rio de mim mesmo pensando surpreendido: porque não ficamos juntos? Mas não consigo dar o assunto por encerrado, meu coração teima em bater cantando as sílabas do teu nome.

Não há culpa ou arrependimento, apenas a lembrança que fez de nosso encontro nessa vida milimetricamente perfeito. Um ciclo completo em nossas existências incompletas.

Como se fosse possível encerrar-mo-nos num raio de luz, tornar-mo-nos o poema mais puro, deitados em um lago até que as últimas palavras se esvaiam nas águas cristalinas: eu amo...