DIA DO APOSENTADO

DIA DA CONSTITUIÇÃO, DIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, DIA DO APOSENTADO

(24-1-2010)

Prof. Antônio de Oliveira

aoliveira@caed.inf.br

Há aposentados que continuam na ativa para completar o benefício da aposentadoria. Isso mesmo. Quando a contrapartida é do governo as obrigações de estado são denominadas benefícios do INSS, pacotes de bondades, MPs do bem, empréstimos consignados. Nossos governantes são tão bonzinhos!... É o jargão paternalístico de que não nos damos conta de ser também discriminatório. Linguagem é espelho de governos, sejam eles democráticos ou paternalistas, com os quais convivemos igualmente numa boa. Pois os protestos não passam de conversas e encenações, não importando se nas universidades, nos sindicatos, nas associações estudantis, no senado de pânico na TV. Audiências dão ibope com choros e risos fartos. Em governos ditatoriais é que o bicho pega. Para cobrar, não é preciso regime ditatorial: a figura não é de bonzinho, mas de leão do imposto de renda.

Considerada espólio, resto, a ficha dos aposentados ninguém vê: ficha de serviços prestados, limpa, não ficha suja. Limitado, porém, é seu poder de reivindicação. Apertado é, dizem, o orçamento da Previdência. Quanto a outros gastos ou gastança dos três poderes, nossos mandatários são previdentes, providentes e pródigos, três prerrogativas de quem está por cima. A praça é do povo apenas no carnaval. No mais... é Praça dos Três Poderes mesmo!

O olhar pragmático, de visão míope e horizonte curto, transforma governantes em coveiros de aposentados e pensionistas, praticando uma espécie de eutanásia coletiva, em decorrência de discriminação dos idosos. E a Constituição, hein!... Pra quê? Em geral a própria sociedade civil se volta para a força de trabalho, valorizando somente o pessoal da ativa. E os aposentados não se dão ao expediente da greve, mesmo porque, se greve for entendida como ausência ao local de trabalho, já não é o caso. Tampouco podem se arriscar a um confronto com a polícia, mais mandada que montada, pois o policial em geral também ganha pouco e pode projetar seu sufoco...

E, em não havendo sensibilidade por parte dos governantes, respeito e veneração por parte da sociedade, os aposentados constituem uma classe de excluídos sem inclusão em políticas de cotas. Grito dos aposentados é grito sem grito, grito sem eco, grito sem força dos que se sentem, mas não sentidos, excluídos e feridos na sua dignidade e autoestima. Entretanto, nas urnas, o voto dos aposentados tem o mesmo valor dos servidores da ativa, a não ser quando impossibilitados ou sentindo-se dispensados de fazê-lo por decepções acumuladas nas urnas onde se sepultam também, encerradas as eleições, as promessas eleitorais. A burocracia se perde em distinções vocabulares para emperrar e nos confundir de propósito. Servidor público aposentado é diferente de aposentado do INSS. A força do trabalho não é sempre um serviço público?

Aposentados, muitos de vistas cansadas, garganta rouca, tosse, reivindicam pelo menos correção de defasagem salarial, seja pelo INSS seja pelo Ipsemg, no caso de Minas. Seria “pedir” demasiadamente ao nosso Poder Público?!...

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 25/01/2010
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