HAITI

Prof. Antônio de Oliveira

aoliveira@caed.inf.br

Ai de ti, ai de mim! A terra tremeu, o Haiti estremeceu e, como sempre “post factum”, e “post mortem” de inúmeras vítimas, o mundo se enterneceu. Resultante de placas rochosas em busca de acomodação na superfície

da terra, no dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto avassalador deixou o Haiti em estado caótico, de devastação.

E ai de nós! por quê? O mundo não passa de uma aldeia global e, antes de a terra tremer dessa forma, o Haiti tremeu nas mãos: de Espanha, que por primeiro explorou o país; da França napoleônica que, para não fugir à regra, espoliou a então colônia; dos Estados Unidos que, para variar, ocuparam, por muitos anos, com seus marines, o território haitiano. Abismo atraindo abismo...

Essa história tem a ver, sim, com o terremoto porque se o Haiti fosse um país desenvolvido e não tão explorado como, aliás, sói acontecer pelo mundo afora, com certeza teria muito mais condições de se reconstruir, apesar de perdas irreparáveis como, inclusive, de militares brasileiros e da emblemática Zilda Arns que morreu, sob escombros, como corajosa guerreira no exercício de sua pastoral das crianças, muitas delas soterradas junto com sua protetora.

Num relance aleatório pela cobertura da mídia à tragédia,

alguns pontos podem ser considerados.

Um provedor de e.mail, por exemplo, contabilizava as fotos da tragédia em lances psicanaliticamente sadomasoquistas, sem qualquer efeito a não ser repisar a notícia, sem providências, no caso, efetivas. Uma revista de circulação nacional, aqui no Brasil, depois de uma matéria sob o título O Dia em que o Mundo Acabou, acabou por publicar um encarte, justamente no meio da matéria, de uma propaganda maravilhosa dos 90 anos da Citroën. Juridicamente, nenhum crime; jornalisticamente, um sanduíche contrastante, porém comum; psicologicamente, contraste entre dor e consumismo,

entre “guernicas” e colírio de cartão-postal de Paris para os olhos.

Fala-se em banalização do mal, banalização da vida pela morte em acidentes violentamente provocados por imperícia e imprudência, em assaltos, balas perdidas, etc. Há que falar também em banalização da notícia. Em velórios de vítimas inocentes e indefesas ainda há repórteres que perguntam aos familiares e amigos se estão muito emocionados. Por via de regra é evidente que estão, inclusive pelo clima de abatimento, revolta, choro e tudo o mais que ainda se insere no contexto do sentimento humano. Sentimento que mais lamenta que previne, é verdade também, mas nem sempre é suficiente

trabalho de prevenção de pessoas abnegadas como Zilda Arns.

Mais que chorar o tremor de terra,dá ainda para fazer do Haiti um Havaí.

Os “caras” de hoje bem que podiam mudar a história...

Se não, ai de nós!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 18/01/2010
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