Conheci muitos colecionadores, sempre mais interessado no motivo de colecionar, que na coleção em si. A moderna psicologia deve ter alguma tese para o fato de vivermos colecionando coisas, como latas de alumínio, canetas, camisas esportiva, quem pode coleciona carros, relógios, há até colecionadores de animais.
Na infância, creio que todos já colecionamos algo, senão, as mesmas coleções: carrinhos, figurinhas, papel de carta, bonecas. O Digo está nesta fase, e outro dia me perguntou: E você tio Cacá, o que coleciona? Livros, respondi, só então me dando conta que sim, para mim são uma coleção, gosto de ter na estante os clássicos, gosto de entrar em sebos e comprar edições antigas, assim como gosto de comprar a edições atuais, mas cleam, mais alegres. E sempre reforço que se esperam uma herança de mim, tudo o que deixarei serão os livros. Herdarão o mundo, sua história e seu futuro.
Minha mãe coleciona aqueles pratinhos vendidos como lembrança em cidades turísticas. A forma que iniciou esta coleção, o momento, talvez nem ela se lembre mais, talvez alguém ao voltar de uma viagem, talvez ela mesma, escolhendo em “enfeite” para si, o fato é que hoje há uma coleção belíssima, variada, espalhada por paredes e móveis, no ambiente composto das salas de estar e jantar.
Passos algumas tardes ali, entregue ao sofá, enquanto Marina trela em tudo, no melhor estilo: na casa da vovó tudo pode. E do canto em que estou vou correndo os olhos pelos lugares do Brasil, das Américas, até cruzar os mares, atravessar uns quatro continentes, e ter uma imagem do mapa mundi como deveria ser, sem fronteiras, sem separação por bandeiras, credo, raça, ou qualquer outra diferença que não impede aos homens de serem iguais.
Há pratos pequenos, grandes, trabalhados, toscos, da região, Itu, Lindóia, Serra Negra, de outras regiões, Pantanal, Chapada Guimarães, Porto de Galinhas, Canelas, Florianópolis, Salvador, Natal, um barquinho de Manaus, carrancas do São Francisco, até chegar ao Chile, Peru, Argentina. Para julho, trarei um de Havana.
Do velho mundo há todo um roteiro italiano, Veneza, Florença, Siena, Bologna, Roma e Vaticano, Milão, San Geminiano, onde uma placa na entrada diz que ali viveu Nicolau Maquiavel. Estão presentes as grandes capitais, Paris, Londres, Madri, Lisboa, Viena, e também Barcelona, Insbruck, Berlin, Munique, Praga, as bonecas de Moscou, e do outro lado deste mundo, Tókio, Beijin, Seul, além de Nova Iorque, Atlanta, São Francisco, enfim, esqueci alguns, ou vários, mas o mundo todo está lá.
Seus filhos, minha mãe, os diretos e os tortos, cresceram e se deram ao mundo, estão ora aqui ora ali, vão e sempre vem, e se aqui neste canto percorrendo estas paisagens e suas lembranças, me pergunto um motivo para a sua coleção, penso que não é para você que trazemos estes pratos, são para nós mesmos, por sabermos que em qualquer parte do mundo que estivemos, ou iremos ainda estar, este aqui é o nosso canto, é aqui que o mundo começa, e para onde sempre iremos retornar.
Coração de um mundo inteiro
Um abraço estrangeiro e tão familiar
Até se encontrar
Oswaldo Montenegro
Na infância, creio que todos já colecionamos algo, senão, as mesmas coleções: carrinhos, figurinhas, papel de carta, bonecas. O Digo está nesta fase, e outro dia me perguntou: E você tio Cacá, o que coleciona? Livros, respondi, só então me dando conta que sim, para mim são uma coleção, gosto de ter na estante os clássicos, gosto de entrar em sebos e comprar edições antigas, assim como gosto de comprar a edições atuais, mas cleam, mais alegres. E sempre reforço que se esperam uma herança de mim, tudo o que deixarei serão os livros. Herdarão o mundo, sua história e seu futuro.
Minha mãe coleciona aqueles pratinhos vendidos como lembrança em cidades turísticas. A forma que iniciou esta coleção, o momento, talvez nem ela se lembre mais, talvez alguém ao voltar de uma viagem, talvez ela mesma, escolhendo em “enfeite” para si, o fato é que hoje há uma coleção belíssima, variada, espalhada por paredes e móveis, no ambiente composto das salas de estar e jantar.
Passos algumas tardes ali, entregue ao sofá, enquanto Marina trela em tudo, no melhor estilo: na casa da vovó tudo pode. E do canto em que estou vou correndo os olhos pelos lugares do Brasil, das Américas, até cruzar os mares, atravessar uns quatro continentes, e ter uma imagem do mapa mundi como deveria ser, sem fronteiras, sem separação por bandeiras, credo, raça, ou qualquer outra diferença que não impede aos homens de serem iguais.
Há pratos pequenos, grandes, trabalhados, toscos, da região, Itu, Lindóia, Serra Negra, de outras regiões, Pantanal, Chapada Guimarães, Porto de Galinhas, Canelas, Florianópolis, Salvador, Natal, um barquinho de Manaus, carrancas do São Francisco, até chegar ao Chile, Peru, Argentina. Para julho, trarei um de Havana.
Do velho mundo há todo um roteiro italiano, Veneza, Florença, Siena, Bologna, Roma e Vaticano, Milão, San Geminiano, onde uma placa na entrada diz que ali viveu Nicolau Maquiavel. Estão presentes as grandes capitais, Paris, Londres, Madri, Lisboa, Viena, e também Barcelona, Insbruck, Berlin, Munique, Praga, as bonecas de Moscou, e do outro lado deste mundo, Tókio, Beijin, Seul, além de Nova Iorque, Atlanta, São Francisco, enfim, esqueci alguns, ou vários, mas o mundo todo está lá.
Seus filhos, minha mãe, os diretos e os tortos, cresceram e se deram ao mundo, estão ora aqui ora ali, vão e sempre vem, e se aqui neste canto percorrendo estas paisagens e suas lembranças, me pergunto um motivo para a sua coleção, penso que não é para você que trazemos estes pratos, são para nós mesmos, por sabermos que em qualquer parte do mundo que estivemos, ou iremos ainda estar, este aqui é o nosso canto, é aqui que o mundo começa, e para onde sempre iremos retornar.
Coração de um mundo inteiro
Um abraço estrangeiro e tão familiar
Até se encontrar
Oswaldo Montenegro