Há um lugar...

Há um lugar no coração do homem em que todas as coisas fazem sentido. Um lugar onde tudo é mais do que realmente parece ser. Existe uma lágrima em cada alma, a espera de alçar vôo, e todos os dias, a alma aflorada a pele, desencanta-se com seu mundo. A esperança verde, em revolta, cobre de cinza o céu fragilizado. Crianças perguntam por seus anjos da guarda, sabendo-os tristes e em nuvens negras, como pobres meninos em casas de plástico, embaixo das pontes, cobertos por jornais. Pobres anjos.

O branco da paz é a palidez da fome, e as Amélias roucas cantam a felicidade. Pés desnudos pela falta, crentes na força da terra. A esperança é amarela. Está no sorriso dos pobres, na risada das crianças que pedem esmolas, nos dentes dos velhos que reviram lixos, e até, porque não, na alegria dos hipócritas.

E lá vem ela, a esperança, surgindo aos poucos. Aquece um coração aqui, outro mais lá adiante, e vai sobrevivendo, com a alma sangrando, como todos nós.