Lições da Vida
A vida sempre nos dá lições, independente de acreditarmos que sua origem seja o que alguns chamam de Deus. A própria natureza em seu ciclo perfeito faz com que coisas, não esquecidas, mas guardadas no raso ou no fundo do coração ressurjam para nos dar uma nova lição ou um novo prazer. Que atitudes ou ausência delas nos cobrem ou nos premiem no caminhar da vida. Pessoas vêm e vão e contraditoriamente permanecem. Algumas pessoas nos amam, outras nos traem, algumas pessoas nos magoam, outras nos fazem sentir o ser mais feliz, algumas pessoas conseguem fazer tudo isso, e entram e saem e permanecem em nossos corações, alheias ao nosso consentimento.
Se forem papéis que representamos, se há algo maior a guiar nossos destinos não sei. Talvez se trate apenas de uma subjetividade desnecessária. Importante é um dia chegar cansado em casa e sentir uma dorzinha lá no fundo do peito de saudade de alguém, importante é fazer amor até nascer o sol, brincar com os filhos no quintal, fazer quinze ou dezoito. Gostoso é fazer as pazes, tirar o sapato apertado, chorar naquele colo especial, dar colo, passar de ano, dizer eu te amo. Fazer coisas que dão medo como tirar o peixe do anzol, matar uma barata, contar histórias de terror e não dormir, dar o primeiro beijo, entregar o coração mesmo que doa depois.
Um dia, alguém vai embora como passarinho pro céu. A gente “sabe” que lá é melhor, mas dá saudade, a gente sabe que aquela foto tirada no fim da tarde de domingo nunca mais vai ser vista com os mesmos olhos, porque os olhares não se encontrarão mais. E começa a lembrar de tantas pessoas que se passaram embora continuem. E lembra de uma fogueira e uma canção, lembra de uma peça de teatro, de um amigo que há anos não vê. De quando subia os morros procurando estrelas cadentes ou quando dormia em frente à tv. E recorda o quanto era bom dar conselhos, enxugar lágrimas, distribuir sorrisos, pedir proteção com o olhar, dormir abraçadinho, voltar abraçado com os amigos da balada, ficar de mal e ficar de bem, ficar de bobeira só ouvindo a cachoeira ou as ondas do mar.
Ah! É hora de descansar, ir pra casa. O tempo passa. Alguém se foi. Para sempre? Pessoas entram e saem de nossas vidas e deliciosamente permanecem. Tem alguém precisando de um abraço seu? De um telefonema, uma carta, um e-mail, um sorriso? Talvez um oi, um beijo, talvez um talvez.
E lá vamos nós de novo. Uma nova história para nossos coraçõezinhos recordarem em nosso entardecer, com uma lágrima balsâmica ou um sorriso de pôr do sol.