Banalização do mérito

Certa vez, no conhecido “Café Expresso”, localizado no centro da cidade, local de encontro de transeuntes e aposentados, Manoel encontrou um velho amigo que há meses não via. Zeferino era o nome da figura simples, um homem de meia idade, ex-servidor público, atualmente recolhido ao ócio. Aposentou-se ainda jovem, por ser professor, contemplado por lei benevolente daquele tempo.

Zeferino estava alegre com o reencontro. Depois de um longo bate papo para atualizar as notícias, disse para Manoel em seu português brincalhão, entre uma e outra baforada do cigarrinho de palha que fumava:

- Compadre, apareça para tomar uma água “numerá”. A mulher fez uma “condecoração” na casa, que ficou aquela devassidão!

Ambos riram à vontade.

Zé, assim chamado pelos íntimos por acharem extenso seu nome, era um gozador. Sempre tinha uma brincadeira, uma lorota ferina para fazer rir os amigos. Quando o assunto era sério, porém, revelava-se bom informante, excelente articulador de ideias e atento ouvinte.

Depois de alguns segundos de oportuno silêncio, em que ambos aproveitaram para ver esvoaçar as espirais dos cigarros que pitavam, Manoel reiniciou a conversa:

- Estou triste, amigo. Bastante preocupado com os rumos da administração de nosso país. O poder subiu às cabeças desses petistas que infelizmente nos governam. O presidente da República viaja continuadamente. Não pára. É um andarilho inveterado. De tanto peregrinar, tem recebido títulos honoríficos mundo afora. Já foi diplomado Doutor Honoris Causa nas mais conceituadas universidades do mundo. Recebeu diversos títulos e homenagens, a última, concedida pelo jornal francês Le Monde, que o chamou de “Personalidade do Ano”...

Zeferino interrompeu o amigo, dizendo:

- Para mim, imerecidos. O homem não tem o valor atribuído por governos e imprensa estrangeiros. De tanto viajar e gastar enormes somas com propaganda, vistas pelos correspondentes internacionais aqui radicados, como se fossem realidade, enfeitiça a todos. Os nativos, manipulados politicamente, de minguada escolaridade, associados aos intelectuais de esquerda, a empresários corruptores e à mídia interesseira, elevam o valor de tão magérrima personalidade.

- O povo tem mania de aplaudir pessoas humildes que galgam novos degraus na escala social. Se fosse por méritos, tudo bem! Mas o fazem por verem, neles, a vitória do pobre sobre o rico, do analfabeto sobre o intelectual, como é o caso do Lula, nesse particular. Veja os vencedores do Big Brother e de A Fazenda. As pessoas torcem por gente despreparada, ridícula, sem valor, a não ser quando o corpo da garota confirma sua aparição na revista Play Boy.

Manoel foi complementado em suas observações por um Zé crítico e descrente em valores medíocres como A Xuxa, Adriane Galisteu, Luciana Gimenez, Ratinho e tantos outros “famosos” como Tiririca e os personagens de O Pânico na TV.

- Esses, Zé, seriam eleitos para qualquer cargo público disponível na Câmara e no Senado, propícios a acolher indivíduos de inexpressiva capacidade, gente ordinária, repugnante, desonesta...

-... E queridinha do povão! Aí está a raiz de todas as nossas mazelas – concluiu Manoel, não menos aborrecido do que o amigo.

- A coisa é séria. Até respeitáveis instituições, antes consideradas sóbrias e honestas em suas avaliações, defensoras dos mais expressivos valores nacionais, estão concedendo honras aos vermelhos incrustados no governo.

- É verdade! A mais estapafúrdia homenagem ocorreu recentemente. A Dona Marisa Letícia, a “primeira caladona”, nada faz a não ser viajar com o marido presidente, mundo afora. Frequentadora de boas clínicas de embelezamento, submete-se a aplicações de botox para rejuvenescer as feições, hoje italianas. Com esse perfil, foi contemplada pela Força Aérea Brasileira com a medalha “Honra ao Mérito Santos Dumont”, instituída em 1956, para homenagear ilustres personalidades por relevantes serviços prestados à nossa aviação.

- Que serviços ela prestou à aviação brasileira? – perguntou Manoel, para acrescentar: A mulher não emite um único som gutural, exceto quando repreende o Lula por seus excessos etílicos. A honraria afronta a todos nós brasileiros e, principalmente, ao patrono da Aviação. Por isso é que Cláudio Candiota, presidente da ANDEP, devolveu a honraria recebida em 1989, revoltado por ter sido ofertada a outros petistas: Milton Zuanazzi e Denise Abreu, escorraçados dos cargos por incompetência e irresponsabilidade administrativa, bastante prejudiciais ao país.

Caro leitor, se você tivesse acesso às imagens da solenidade em que a italianinha, “primeira...” deste país que nunca foi sério e hoje está pior ainda, ficaria revoltado com a cena imerecida: Marisa Letícia à frente da tropa formada, perfilada para homenageá-la por seus "relevantes serviços prestados à Armada Aérea", uma instituição por nós admirada e exaltada por seu lema: “SERVIR, NUNCA SE SERVIR”

Talvez a comenda tenha sido concedida por ser Marisa Letícia a mais assídua passageira do “Air Force 51”, antes batizado de Aerolula, uma aeronave que já deu a volta a Terra centenas de vezes. E que até julho de 2010 está programada para 21 novas viagens ao exterior.

“Servir, nunca se servir”, um lema desrespeitado pelos vermelhos petistas, apropriados de nossas riquezas com tanta voracidade, que já se consideram “filhos do Brasil”, usurpando-nos a maternidade nacional.

Devolvam-nos o título, seus bastardos!