"... E o amor de muitos esfriará"
Algumas pessoas buscam, na televisão, fascinantes histórias de amor, ódio, vingança, suspense ou terror, para se divertir, ocupar o tempo ou desanuviar o espírito indagativo; os amantes da música recorrem aos aparelhos de som, à procura de suaves e inspiradas melodias; os fascinados pela leitura descobrem, nos livros, o conhecimento e a diversão oferecidos por esses marivilhosos instrumentos do saber; os ligados à arte de escrever empunham suas penas silenciosas, a fim de produzir frases rebuscadas que lhes permitam a construção de ideias originais e instrutivas. Há, ainda, os da era cibernética, que vasculham na internet curiosidades e variadas informações.
Costumo assistir à televisão, entretanto, não vejo os canais irreverentes, apelativos, atrevidos, contrários aos bons costumes, à ordem e à decência. Também gosto de ouvir música, ler e escrever. Esse último hábito, às vezes, se sobrepõe a outros interesses pessoais. Escrevo por prazer, preocupado em não desagradar o leitor que eventualmente me lê. Por respeitá-lo, esforço-me para não agredir o vernáculo com assídua frequência. Os erros gramaticais causam-me horror. Nem por isso, deixo de escrever.
Não nego. Sou assíduo frequentador da caixa de mensagem do meu computador pessoal. Ligo-o diariamente para receber e-mails enviados por seletos amigos. Infelizmente, algumas mensagens são portadoras de ofertas de rara utilidade; outras, contêm belas mensagens de amor, conselhos amigos e pedidos de ajuda fraternal a pessoas necessitadas. A maioria é oportuna e interessante. Muitos desses recados eletrônicos são debochados, irreverentes e até pornográficos.
Hoje, recebi uma mensagem que me tocou a sensibilidade. Os personagens dessa história são Agenor e Ricardinho. Pai e Filho perambulavam pela cidade grande. Agenor procurava o emprego, negado há dois anos. Pai e filho passavam fome de dias, importunados pelos estômagos vazios. O ácido clorídico provoca dores agudas. O garoto dizia, repetidas vezes, estar faminto. Agenor pedia-lhe paciência. Numa padaria, ofereceu-se para lavar o chão, pratos e copos, qualquer serviço, em troca de comida para ele e o filho.
O senhor Amaro forneceu-lhes comida. Ricardinho devorava os alimentos avidamente. Agenor sentia as lágrimas se miturar aos ingredientes, que se tornavam difíceis de engolir. O padeiro percebeu a dificuldade do homem e perguntou-lhe por que ele chorava. "Não posso comer, sabendo estar minha esposa e dois outros filhos, em casa, com fome. O senhor Amaro tranquilizou-o. Providenciou-lhe emprego e uma cesta básica para os próximos quinze dias.
Agenor foi grato ao senhor Amaro, trabalhando com afinco e desmedido interesse, por todo o tempo em que serviu ao bondoso empresário. O patrão convenceu-o a estudar em uma escola próxima. Doze anos depois, Agenor chegou à padaria, vestindo elegante terno escuro. Montara escritório de advocacia para servir aos injustiçados. Amaro sentiu-se feliz ao ver a vitória do amigo.
Doutor Agenor Batista de Medeiros passou a ajudar aos que, como ele, no passado, não tinham como saciar a fome. Fundou a "Casa do Caminho", para fornecer almoço diário a duzentos frequentadores da instituição. Gratuitamente! Ricardinho, o filho de Agenor, administra o empreendimento, como nutricionista, formado graças ao exemplo do pai.
Agenor e Amaro morreram aos 82 anos de idade, quase na mesma hora.
Ricardinho mandou afixar uma placa na entrada da Casa do Caminho. As letras impressas dizem:
UM DIA TIVE FOME E ME ALIMENTASTE;
ESTAVA SEM ESPERANÇAS E ME MOSTRASTE O CAMINHO;
ACORDEI SOZINHO, E ME MOSTRASTE DEUS;
ISSO NÃO TEM PREÇO!
QUE TE SOBRE O PÃO DA MISERICÓRDIA, PARA DÁ-LO A QUEM PRECISA.
Essa história é verdadeira. Que você, leitor amigo, sinta o desejo de ajudar o necessitado. Atente para o que disse Jesus, há dois mil anos: “E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. Não deixe isso acontecer. Não com você!