Salvos por Macunaíma

Não apenas eu, um simples escrevinhador e comentarista econômico de poucos recursos técnicos, mas, especialistas da área, conhecedores dos mecanismos que fazem funcionar a máquina que controla e disciplina a riqueza, acham que os gastos públicos efetuados sem parcimônia, sob pretextos menores, são prejudiciais ao país.

A dívida pública brasileira supera dois trilhões de reais. Cada brasileiro, hoje, já nasce devendo R$ 10.321,00, ou 67% do PIB, conforme informações do Banco Central e do IBGE. O INSS ostenta déficit fabuloso; a cada ano, ultrapassa o anterior em bilhões de reais, enquanto a folha salarial dos funcionários cresce em decorrência, principalmente, das contratações desenfreadas. E desnecessárias. Na maioria dos casos, servem aos interesses partidários, sem a mínima preocupação econômica.

De cada dez empregados brasileiros, um é funcionário público.

Os programas assistenciais devem ser executados e administrados por qualquer governo, pois são necessários a minimizar os efeitos da miséria da população; todavia, sua execução deveria ocorrer dentro de certa normalidade financeira, sem viés eleitoreiro e populista, como acontece hoje, servindo de “cabo eleitoral” a muitos e maus políticos.

Atualmente, vemos tudo isso em demasia. Os gastos e desperdícios extrapolam as reais necessidades administrativas. É o caso da propaganda governista, eivada de interesses escusos, divulgando realizações irreais e programas que jamais sairão do papel. As estatísticas oficiais, manipuladas, fazem a população acreditar no “sonho dourado” a ser oferecido ao incauto eleitor. E a corrupção ainda solapa a economia, tornando-a frágil em um momento qualquer da vida nacional.

Preocupa-nos a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

Os desembolsos para tornar viável o projeto de eleição da Dilma e assegurar o retorno de Lula ao poder em 2014 são estratosféricos. Superam, em muito, a capacidade financeira do país, que por certo elevará a sua dívida interna a alturas inatingíveis e à formação de débitos externos, depois de alardeada a sua solvência definitiva.

O FMI, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e outras instituições financeiras poderão ser chamados a financiar os empreendimentos esportivos e a infraestrutura, esta, tão carente quanto à outra de condições físicas e tecnológicas. Existe, ainda, a necessidade de melhorar as áreas urbanas, que por certo receberão atenção para não serem, todas, confundidas com as favelas que proliferam nas cidades brasileiras, onde se realizarão os eventos.

E o que dizer da segurança pública?

Essa questão é preocupante. Temo pela imagem do Brasil, caso ocorra, que Deus nos livre, os arrastões, assaltos e mortes ao turista que virá prestigiar o evento futebolístico. Longe de ser premonição é um alerta baseado em nossa realidade cotidiana. As despesas com a segurança da Copa e das Olimpíadas poderão alcançar miríades de reais.

Esta, sim, é uma preocupação real!

A iniciativa privada será chamada a abrir o bolso. Bem feita seria essa atitude, pois hotéis e certos locais de prática esportiva ou de acomodação devem ser explorados por particulares, melhores administradores, e ainda mais, protegidos dos gatunos hospedados no poder público.

Um número crescente!

Assustador e descontrolado!

A análise e preocupação deste cronista foram lembradas ao tomar conhecimento do que ocorre, atualmente, com a Grécia, país integrante da União Européia. Depois de ser administrada por governos incompetentes, sempre à volta com a corrupção, deixou-se endividar com os gastos efetuados com as Olimpíadas de 2004. A dívida pública do país é de 295 bilhões de euros, correspondente a 121% de seu Produto Interno Bruto. Do Olimpo, os deuses gregos poderão contemplar o próximo vilão da nova crise financeira internacional.

O tempo dirá!

A Grécia tem certa semelhança com o Brasil. Senão vejamos: os cinquenta mil funcionários públicos extrapolam sua capacidade administrativa; a economia cresceu acima da média européia; a corrupção rivaliza-se com a nossa; a dívida pública é astronômica; o populismo de seus dirigentes é notório e perdulário...

Talvez Hercules, do alto de sua força descomunal, salve o seu país!

E quem será o nosso herói, depois de termos as finanças devastadas pela corrupção e pelo populismo?

Macunaíma?

Ah, bom!