Exortação à prudência

Já foi difícil escrever sobre a nossa economia. Em tempos passados, se alguém decidisse abrir um negócioo, e para isso utilizasse as economias adquiridas com grandes esforços, corria o risco de o empreendimento não dar certo, de perder a poupança amealhada com sacrifício e de ficar no prejuízo.

A economia não ajudava. Os planos mirabolantes de governos como o de Sarney (que horror!) e o de de Collor (um assalto!) deixavam o empreendedor desnorteado.

Os sobressaltos econômicos eram sistematicamente repetidos; ora a economia demonstrava vitalidade e equilíbrio, sugerindo empolgação aos homens de negócios que contraíam empréstimos para aumentar a capacidade instalada de suas indústrias, a formação de estoques, a contratação de mão-de-obra, ora revelava-se inteiramente frágil, provocando a diminuição do consumo em face da perda do poder de compra do brasileiro.

Nesse estado de coisas, a cotação do dólar disparava, a dívida pública aumentava, a credibilidade internacional perdia fôlego, o risco Brasil crescia e os investidores sumiam, temerosos de ganharem menos ou de perderem mais.

Quem desempenhava o papel de analista econômico via suas previsões alteradas, seus prognósticos desfeitos, suas opiniões taxadas de irreais ou simplesmente modificadas em virtude de mudanças por fatores os mais variados. Entre eles, os pronunciamentos políticos, eivados de demagogia irrealista e irresponsavelmente imprudentes.

País difícil, o Brasil daquela época!

Hoje, vemos a amada pátria trilhando caminhos mais promissores. A inflação, debelada pelos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, e reconhecidamente continuada pelo atual, encarregou-se de estabilizar preços, incentivar empreendedores, burilhar-lhe as ideias, provomover, enfim, um novo ciclo de estabilidade econômica, alvissareira e realista.

Todavia, os gastos públicos dos atuais dirigentes nacionais extrapolam o bom senso, a boa administração pública, o saudável equílibrio das despesas correntes, afetando os investimentos em bens de capital e na infraestrutura viária e portuária, principalmente, e na assistência à saúde, à educação e à segurança.

O administrador público deveria se imiscuir na vida da Nação com os melhores propósitos, zelar pelos interesses do país conjuntamente com o povo, para não acontecer como na parábola escrita por Esopo:

"... Os Pés e as Mãos disseram ao Ventre: Só você aproveita os nossos trabalhos e não faz outra coisa a não ser receber nossos ganhos sem ajudar-nos no mínimo que seja. Portanto, escolha uma destas duas coisas: ou encarregue-se você mesmo da sua manutenção ou morra de fome. Ficou, pois, abandonado o Ventre, e não recebendo comida durante muito tempo, foi perdendo seu calor e ficou debilitado, com o que os demais membros do corpo se enfraqueceram também, foram perdendo as forças até que pouco depois todos eles morreram"

É preciso cuidado para não nos acontecer o mesmo.

Torna-se mister que os políticos se unam em torno de propostas consistentes e viáveis para assegurar a transformação do país, reformar suas leis, melhorar sua estrutura administrativa, deixando de lado a oposição corporativa, eleitoreira e irresponsável.

Senão, poderemos perecer, todos, pela falta de união e de apoio às grandes iniciativas reformistas de que carece e reclama o Brasil.