Rio da ignorância
Existir é uma concepção que poucos absorvem, não um fato ou estado, a existência cabe a percepção da realidade crua e bruta, perceber a existência é algo perto de enlouquecer, saber o quanto tudo segue sem sentido e valor algum, apenas segue, a existência em visão macro não passa de uma fita de vídeo colocada para repetir e remasterizada com o passar dos tempos, mudam figuras, personagens, acrescentasse algo moderno aqui, uma cor ali, mas o contexto é o mesmo, a falta de conteúdo idêntica e os motivos iguais aos do passado do passado e muito provável que do futuro, somos uma constância sem sentido algum, nascemos em geral apenas para morrer em curto espaço de tempo e não aprendemos se quer o sentido de existir, quem tem esta concepção se afasta do todo e a observa, é morrer em vida, destacar o sentido de não sentir e sentir a dor de saber que tudo não sente nada, apenas segue. Somos uma correnteza de instintos, seguindo violentamente a extinção do ser em carne, pois a alma esta extinta a tempos, o homem não trai, apenas busca paridades e só, uma constante na concepção involuntária de existir, nascer, reproduzir, morrer, entre isso, ser escravo de alguma crença ou poder maior, não ter a oportunidade de ao menos, em algum momento perceber seu próprio rosto, motivo e alma, sim, somos um rio que vai ao encontro do mar de ignorância e solidão, aos que sabem, pisam em terra firme e solitária, quem esta na outra margem? Não dá para saber, o rio é largo, violento e intenso, sair é difícil, atravessar, quase impossível, secar a ignorância é um sonho de quem a percebe, mas invariavelmente, nos afogamos por fim nela.