DEPRÊ – Apelo de um terceiro.

“Sr Wilson;

Antes de mais nada, me desculpe a ousadia. É que não aguento mais ver a Cremilda falar do senhor.

Ela diz que está apaixonada só de ler seus textos na internet.

A Crê trabalha no Lago Sul com a Dra. Solange e quando a patroa sai ela fica o dia inteiro no computador lendo essas coisas, e só na última hora sai correndo pra fazer os serviços da casa. Uma hora dessas ela acaba perdendo o emprego.

Essa semana eu fui numa lanrrauze só pra ler seus textos. Devo confessar que até gostei.

Quer dizer, não entendi quase nada, mas parece que é engraçado.

Naquele texto sobre deprê, por exemplo, eu achava que deprê era alguma coisa francesa; depois é que vi que se tratava de estar puto da vida.

Então aproveito para dar uma sugestão para acabar com essa tal de deprê.

Faça como eu.

Domingo pego minha Marajó toda incrementada e vou pra feira do Guará, tomar umas e outras, ouvido meus CD’s.

Eu gosto muito do Calypso, e de tudo quanto é dupla caipira que tem um “&”, por exemplo: Rick & Ruan, Lico & Leco, Zico & Zeco e todos outros.

Lá pelas duas da tarde, depois de umas dez pingas e umas três Schin eu mergulho num pratão de buchada de bode com mocotó, farinha e muita pimenta.

- Num tem deprê que aguenta/buchada com pimenta...viu?... tô até fazendo verso.

No último domingo, por exemplo, a Crê não pode ir e eu conheci a Sabrinha, uma lorinha sensacional, e se eu não fosse apaixonado pela Crê, não sei não.

Ela tava de mini saia de jeans com a barra desfiada e com uma blusinha mínima.

Quando ela cruzou a perna, pude ver que estava de calcinha preta que me fez até lembrar o nome de outro conjunto que eu gosto muito.

Puxei assunto, mas depois me lembrei da Crê e deixei pra lá, mesmo porque depois daquele almocinho num guentava comer mais nada nem ninguém. Fiquei até amigo da Sabrina que me confessou que nem era loira de verdade nem tava de calcinha, ra... ra... ra!!...

Eu estou falando isso pro senhor pra pedir pro senhor me ajudar com a Crê.

Então eu gostaria de convidar o senhor pra vir aqui na feira no próximo domingo e conversar com a Crê, dizer que é tudo brincadeira e pra ela esquecer o senhor.

Ah!, ia me esquecendo, convidei também a Sabrina; quem sabe rola um clima com o senhor?

Muito obrigado pela atenção,

Raimundo Nonato, seu criado.

P.S. Espero que o senhor não repare os erros; é que pedi prum amigo meu que tem o primário completo me ajudar a escrever.”

AGORA CONSULTO MEUS AMIGOS DO RL: DEVO IR?