O peso da consciência

Meu corpo não agüenta mais o peso de minha alma, ou seria de minha consciência lamentável e escrota. Não tenho pena do ser, não compartilho o sofrimento alheio, não sinto se quer dor por alguma perda, seja distante ou até familiar. Existem varias possibilidades e denominações para minha tipologia de ser, alguns dizem até ser psicose, não ter sentimento e agir friamente em vida, besteira pura, sinto e muito, sinto muito, a existência do ser como ele é ou se tornou conseqüentemente acredito por sua simples genética egoísta de ser sobre um mundo tão pleno e maravilhoso, percebo apenas como somos escrotos e vagantes sem maiores motivos ou objetivos e isso, não me trás mérito, perceber é apenas se enojar e por conseqüência se tornar apático a vida e suas tragédias, somos o que somos e não existem trejeitos para arrumar, não existem assistências técnicas ou guias espirituais especializados em penhascos morais tão profundos, nosso corpo é apenas o fusível queimado que nada mais passa entre a alma e a terra, apenas existe na função de ocupar espaço, cada vez mais, tomando o verde e a vida verdadeira, substituindo o ar por gases ou venenos, o amor pela labuta automática, a intenção de ser, por estar e só, frágeis dejetos somos nós, e dizem para mim que sou frio ao não demonstrar muito sentimento pelo próximo, o próximo é só o próximo de uma fila que não se acaba, extensa e vagarosa, no fim existe uma entrada, esta trancada, ninguém mais passa, para em frente e aguarda a morte, o motivo, ninguém tira as chaves do bolso, as mãos não apertam mais outras mãos, seguram a ganância e suas mórbidas virtudes dentro de bolsos estourados, que nada mais seguram, nem o sangue nem a alma, vazou tudo e as mãos no máximo masturbam a carne para que o prazer disfarce a dor de perceber tudo isso, e alguém me olha nos olhos e diz que sou um tipo de psicopata, por favor, hipocrisias a parte, jogar merda nos olhos de quem vê a merda não muda o fato que somos ela, eu e você, se cristo não tombou com sua cruz, nós tombaremos a existência com o peso de nossa consciência lamentável e escrota, como iniciei este texto, somos assim, cretinos e medíocres, mas ainda amamos, talvez e bem possivelmente por alguma necessidade de origem egoísta e de cunho de auto sobrevivência a qual também não paramos muito para observar para não quebrar de vez o encanto da existência, justificamos tudo o tempo todo, quem pensa em desacordo fogo, passou o tempo da fogueira, agora é apenas louco, se der internamos, prendemos, matamos discretamente em voz e alma, somos os bons, sobrevivemos a tudo até aqui, inclusive a pessoas como nós mesmos, como eu e minhas palavras, percebo, logo, me calo.