DIA DO ENGENHEIRO, DO ARQUITETO E DO AGRIMENSOR

(11.12.2009)

Prof. Antônio de Oliveira*

No princípio, o Grande Arquiteto do Universo criou céus e terra, rios tigres e eufrates, nilos e ganges, montanhas, planícies, vales e cachoeiras, ambiente fértil de trabalho para o agrimensor, medidor de terras. Tudo isso, um paraíso terrestre confiado ao primeiro casal, que tinha tudo, menos um fruto proibido: ser como Deus. E foi justamente isso que atraiu e traiu o ambicioso casal, que caiu na tentação, desvirginou a natureza e descambou no desejo, milênios afora, de fama, muita fama, posses e poder, prestígio, dinheiro. E, para os homens, mulheres... e quanto mais famosas, melhor. Vedetes, faustetes, chacretes... Alô, alô, Teresinha! E nem sempre uma Teresinha do Menino Jesus... Mais do que o filme, em si, do chamado Velho Guerreiro Chacrinha, é escrachado o cenário nos bastidores de um vale-tudo pela fama ao som e à luz, ou sombra, de um humor engraçado e atraente, porém de espírito cáustico, irônico, mordaz, satírico, zombeteiro, bem a gosto de calouros inconsequentes, uns tornados artistas bem-sucedidos, outros, (auto)lançados à sarjeta.

No episódio bíblico da Torre de Babel, a ambição se manifesta na pretensão de construir uma torre cujo cimo perfurasse os céus. Mas, ironicamente, Deus desce à terra quando o homem achava que já estava tão alto, e confunde a linguagem daquele povo insaciável de poder e de insana demonstração de poderio e vaidade. Ambição tal qual hoje em dia: desejo de ser deus, de ser deusa, de possuir mansões e carrões, de achar que avião não cai...

Também na mitologia grega, Prometeu, depois de formar o homem do limo da terra, rouba o fogo do céu, numa forma de apropriação indébita do fogo divino, e recebe o castigo de Júpiter.

Polêmica à parte, convenhamos: o mundo foi criado por Deus e, em princípio, o homem, a quem teria sido dado um mundo vitalizado, não é dono de nada. Após um primeiro vacilo, um apagão no paraíso, o mundo passou a ter que ser revitalizado para abrigar todas as criaturas. E isso, após milênios de história, não se conseguiu até hoje. Basta olhar à nossa volta e tentar contar quantos sem teto, destituídos de cidadania, sem sua construção civil. Quantos, como se diz, nem moram, escondem... Urge revitalizar o mundo permanentemente.

Nesse contexto de revitalização, de construção incessante de um mundo melhor, leia-se mais justo, menos desigual, é nobre o ofício humano de reengenharia, de dimensão criadora, exercido pelo agrimensor, pelo arquiteto e pelo engenheiro de todas as áreas: revitalizar, inclusive no seu entorno, o mundo tornado aldeia global. Cada projeto seja visto como uma pedrinha a ser incrustada neste grande mosaico, neste universo. Todos, profissionais voltados para a unidade, sem a busca de frutos proibidos, sem o frêmito de construções nababescas, verdadeiras torres de Babel arranhando e provocando os céus, privilégios gritantes em comparação com a maioria da população.

Nas mãos do agrimensor, do arquiteto, do engenheiro... um mundo e o mundo!

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*Coordenador e Supervisor da Consultoria Acadêmico-Educacional (CAED). Técnico em assuntos educacionais há 30 anos, com experiências no serviço público e na atividade privada. Mestre pela Universidade Gregoriana de Roma. Realizou estágio pedagógico em Sèvres, França. É graduado em Estudos Sociais, Filosofia, Letras, Pedagogia e Teologia. Pesquisador e consultor, presta assessoria, dentre outras instituições, à ABMES, Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, sendo responsável pela montagem do Anuário de Legislação Atualizada do Ensino Superior. Ministra também cursos de legislação do ensino superior.

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fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 10/12/2009
Reeditado em 15/12/2009
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