Crônica do Dia: Pari-Cachoeira a ausência total da cidadania
Seu Chavier, 92 anos, nasceu em teritório brasileiro. distrito de Pari-Cachoerira, Amazonas, mas juntamente com mais 2.999 aposentados, na maioria índios, não pode se considerar um cidadão brasileiro.
Enquanto preparava-me para mais um dia de aula, parei para ver a reportagem no jornal Bom Dia Brasil, matéria que abordava a situação lamentável em que estão submetidos estes aposentados.
Para receber seu benefício, precisam fazer uma viagem longa e cansativa, no único barco que atende aquela região, detalhe: o preço da passagem é de oitenta reais só para ir e mais oitenta para a volta, dos 465 reais recebidos, só 160 se perdem nesta jornada inexplicável, alguns vencidos pelo cansaço, até desistiram de receber o que lhes é de direito.
Concordo, que o governo de uma "nação" esteja preocupado em realizar política internacional, boas relações, o diálogo da aproximação, assim como fez Mandela, mas creio que esta prática deve se aplicar primeiramente em território nacional.
Seria de se esperar que um homem com uma trajetória política como a de Lula ao menos fosse sensível ás questões que assolam seu próprio país.
Utopia, pura utopia, imaginar que o presidente das massas, do movimento operário, que lutou contra a ditadura militar no Brasil, além de realizar uma velha prática conhecida como "paternalista", criando programa isso, programa aquilo e fazendo disto um tipo de troféu ambulante, pudesse sair em "missão" pela terra brasilis.
A preocupação é participar da comunidade tal, entrar no grupo tal..
Obviamente sou favorável ás relações internacionais, já citei mais acima, mas é triste, dolorido ver os olhos cansados, o corpo exaurido destes brasileiros que estão totalmente á margem da cidadania.
Um dos entrevistados contou que nas últimas eleições estiveram por lá os tais políticos e "prometeram" agilizar o pagamento destes benefícios de outra forma, mas depois sumiram.
Nada como começar o dia com um bom tema para uma crônica, apenas lamento que o tema seja sempre na mesma pauta, a pauta do descaso, da hipocrisia, da ausência total do estado.
Fica na mente, o eco das vozes, de brasileiros descendentes dos mesmos que estavam nas areias daquela praia quando ao longe avistaram a " civilização" chegando.