Quem faz sucesso por aqui...
A moça ficou literalmente famosa, entrou para as celebridades, os 15 minutos de fama estão se prolongando, obviamente repudio totalmente a forma como o episódio ocorrido lá na faculdade onde a mesma estuda, ou estudava.
Sobre isto nem vou me alongar, preconceito, discriminação, exaltação de jovens que estão em um ambiente acadêmico, inadmissível.
Mas gostaria de discorrer sobre a facilidade com que pessoas atingem os holofotes, basta estar em meio a um acontecimento deste tipo, ou atirar fogos de artifìcio durante uma partida de futebol, estar envolvida em um escândalo no Senado, hum, mas tem que ser gostosa, senão a revista lá não convida para um ensaio, o casseta também não!
Engraçado, acompanho a luta diária de amigos escritores, que bancam sua obra, além de escreverem, abraçam a publicação de seus livros.
As dificuldades para inserir-se no mercado literário neste país são inúmeras, autores primorosos que nem ao menos são reconhecidos em sua cidade, e olha que estou falando em Curitiba a capital da cultura, do povo, sedento por cultura, afinal este é o discurso oficial.
Muito bem, somente discurso mesmo, vazio, uma espécie de maquiagem da cruel realidade dos que insistem em propagar sua arte.
Exemplo disto foi uma situação que presênciei durante a Primeira Bienal do Livro de Curitiba.
Um escritor curitibano chamado Julio Damásio, especialista em Contos resolveu lançar seu livro no evento, a coisa já começa errada, quando percebo que a área destinada aos escritores da terra fica nada mais nada menos, ao lado da porta de saída, longe da movimentação.
Estava ali próxima da mesa onde estavam os escritores, quando duas pessoas se aproximam, pensando que ali era um local destinado á informações, tipo "balcão de informação"...
No microfone avisos variados, até sobre escritores, mas aqueles que já atingiram vendas significativas, absolutamente nenhuma menção sobre os autores curitibanos.
Pelos corredores desfilavam as pessoas responsáveis pelo evento, apenas desfilavam, uma espécie de fogueira de vaidades!
Ora, mas quanta hipocrisia existe, chega a passar do limite da grande náusea.
Náusea que acompanha este cotidiano massificado, onde tudo o que nada possui de muito conteúdo é extremamente valorizado, onde grandes escritores contemporâneos estão aqui, entre nós, como se Dostoiéviski, Maupassant, Tchekhov, caminhassem pelas ruas, pelo Largo da Ordem, pela Bienal e não fossem percebidos, notados, assimilados.
Realmente, aqui neste país, vale é a maquiagem anticultural que enterra vivos mestres de nossa literatura e exalta as celebridades sem conteúdo algum!