DIA DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA (15.11.2009)

Prof. Antônio de Oliveira*

Consta que o povo assistiu bestificado à proclamação da “coisa pública”, condominial, em 15 de novembro de 1889. É comum misturar alhos com bugalhos, confundindo coisas dessemelhantes. Parônimo se diz das palavras que têm apenas som semelhante ao de outras, mas significam coisas dessemelhantes, por exemplo, IMUNIDADE & IMPUNIDADE. Eh! Que o digam (mas não vão dizer) nossos políticos, também sutil ou acintosamente cooptados com o Judiciário. Essa gente faz uma confusão danada, danosa e dolosa, entre duas palavras, uma sagrada, a outra, deletéria. Por que mente o homem, mente, mente, mente desesperadamente? pergunta ingenuamente Carlos Drummond de Andrade. Quem faz lei republicana deveria estar sempre atento à isonomia. Na prática, quem acaba elaborando as leis são as legiões de assessores que as fazem sob encomenda ou, então, são emendadas e remendadas no interesse da impunidade dos grandes, na ‘res publica’.

Ninguém gosta de ser punido. Mas legislar em proveito próprio, e ganhando muito com um dinheiro que provém direta ou indiretamente do povo... É bom e louvável, embora não chegue a ser salutar, precisar os termos de um lembrete: todo mundo paga imposto, inclusive os beneficiados pelo bolsa-família.

GOVERNABILIDADE & VULNERABILIDADE também são palavras parecidas.

E, em nome da primeira, aos poucos se resvala para a incoerência ideológica, para o auto-deslumbramento, para o conchavo, para a corrupção sistêmica...

Sempre se indagam as causas da violência. Estou para dizer que uma causa preponderante pode ser caracterizada por uma espécie de vingança tácita da sociedade, de acordo com nossa índole, jeitinho e cultura: se os grandes podem, por que eu não posso também? E dá-lhe criatividade! Desde disputa por comandos de tráfico de drogas a ditadura de flanelinhas disputando espaço público. E os incomodados que se retirem. Os hipercentros de nossas capitais se tornaram praticamente inacessíveis a motoristas, operários e transeuntes honestos, acuados, sem a segurança nem os seguranças dos políticos e dos poderosos. E ninguém sabe por que... Nosso povo não me parece anarquista, mas que é anárquico é. Por que será? Os ordeiros e respeitadores da lei têm que dar lugar aos inconsequentes. Sonegar imposto, então, é uma constante. Preferimos a pirataria escandalosa à procedência escandalosamente tributada, os descaminhos aos caminhos. Então, para que construir e conservar estradas? Locupletar-se a qualquer custo é a palavra de ordem e comando nem sempre explícitos – se bem que ultimamente nossos senadores até se tratem como coronéis de m... Quer mais explícito e apropriado que isso?

E nunca foi tão atual o entendimento de que a omissão dos bons e prestantes cede espaço aos maus, aos parasitos e sanguessugas.

Chegar ao ponto a que chegamos de catar assinaturas contra fichas-sujas é motivo para perguntar se ainda existe por aí muita sujeira debaixo do tapete.

Por que não proclamar, hoje, o DIA DA TRANSPARÊNCIA REPUBLICANA?

*Coordenador e Supervisor da Consultoria Acadêmico-Educacional (CAED). Técnico em assuntos educacionais há 30 anos, com experiências no serviço público e na atividade privada. Mestre pela Universidade Gregoriana de Roma. Realizou estágio pedagógico em Sèvres, França. É graduado em Estudos Sociais, Filosofia, Letras, Pedagogia e Teologia. Pesquisador e consultor, presta assessoria, dentre outras instituições, à ABMES, Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, sendo responsável pela montagem do Anuário de Legislação Atualizada do Ensino Superior. Ministra também cursos de legislação do ensino superior.

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fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 14/11/2009
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