EU E A MÚSICA

Quando era menino, meu pai era dono de uma loja de discos.

Pela manhã eu ia à aula e à tarde ajudava na loja.

Os discos eram aquele “bolachões” 78 rpm; depois surgiram os “compactos simples e duplos” e por último os “long plays”.

Com isso, querendo ou não, ouvia músicas de Francisco Alves, Dalva de Oliveira, Carmem Miranda, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Ivon Cury, Germano Mathias, Eliseth Cardoso, Johnny Alf, Pixinguinha, Demônios da Garoa, Adoniram Barbosa, Agostinho dos Santos, Mario Zan, todos da Bossa Nova e Jovem

Guarda entre tantos outros nacionais, e os estrangeiros eram Neil Sedaka, Paul Anka, Bill Halley, Johnny Mathis, Tommy Dorsey, Glenn Miller, Elvis, Gilbert Becaud, Edith Piaff, Eydie Gormé, Trio Los Panchos, Amália Rodrigues, além dos clássicos Beethoven, Bach, Mozart, Wagner, Caruso, só para citar alguns que me lembro de cabeça.

Os fregueses chegavam é perguntavam:

-Tem a música que começa assim: laralaiá...?

E a gente era obrigado a adivinhar.

Acho que, assim como o cigarro e a bebida, a música vicia e eu fiquei viciado.

Lamentavelmente, segundo meu critério é claro, hoje quase não se faz mais música...agora chamam de “som”. Não se fala em composição, harmonia, arranjo, e sim em batida. O “som” é medido em toneladas.

Então, para encerrar e certo que estou comprando uma briga com os mais jovens, devo confessar que:

- Não suporto as estridentes duplas “contris” berrando no meu ouvido; em termos de música caipira, parei no Pena Branco e Xavantinho, Renato Teixeira, Alvarenga e Ranchinho, Almir Sater.

- Detesto esses pagodinhos comerciais.

- Acho que a música denominada axé, só serve pra ir atrás do trio elétrico... e como diz Caetano “só não vai que já morreu”...já morri.

- Nada pode ser pior que Calypso e seus genéricos.

- Ruídos tipo toc...toc...toc... zum... zum... zum.. trec... trec... trec... nhoc... nhoc... nhoc... blem... blem... blem…tumm… tumm… tumm, que alguns jovens ouvem nos Chevettes incrementados não são música.

- Funk, Rap, Tecno, e outros estilos “modernos” nem valem a pena comentar.

Vivemos, portanto, na fase de lixo musical.

... E cada um no seu quadrado...

Wilson Pereira
Enviado por Wilson Pereira em 10/11/2009
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