Se vive para viver

Qual o sentido da existência? Porque, para onde, quando, quanto é o suficiente, aprender, compreender, aceitar, desistir, crescer, aliviar, perdoar, atacar, fazer, deixar para lá, trabalhar, desistir, quando e porque enfim? Deus existe, qual o sentido da vida, porque sinto isso, porque dói, porque não me encaixo, ou simplesmente existo sem fazer a diferença. Qual o sentido? Ganhar tanto para não levar nada. Tantos feitos para ser esquecido. Compreender tanto e ensinar tão pouco. Andar tanto, viajar e mesmo assim não conhecer o mínimo da existência. Para que viver depois de nascer se a morte nos segue logo na esquina, se não na próxima. A existência é mínima, o universo gigantesco perante tanto e tantos, somos uma manifestação de vida continua e de fluxo proveitoso e ainda sim destrutivo ao planeta. Existimos donos de uma sabedoria que é pura comedia, afinal, somos senhores da guerra, alimentamos turbinas e fontes nucleares, criamos armas de destruição em massa, matamos, bebemos o sangue, brindamos milhares de morto com nossa santa coca cola de todo dia. Somos melhores, superiores, nossa raça é a pura, melhor, o vizinho não presta, temos ódio do próximo com requinte, cruéis deuses medíocres, assassinos e cúmplices de toda a merda feita, geração a geração e ainda sim nos sentimos poderosos, lixo. Somos alimento, apenas alimento. Somos o banquete exposto a mesa, vírus e bactérias, vermes e parasitas nos consomem, somos a fonte de alimento principal destas formas de vida e ainda sim, vestimos roupas de marca e apertamos botões vermelhos crentes e convictos que somos os tais. Humanos, inconscientes, leigos, incrédulos e medíocres. Tolos e nada razoáveis, vivemos por viver o dia a dia, em geral apenas passamos rapidamente por este mundo e em um piscar de olhos a sobra da morte nos abraça e leva, sem percebemos ao menos nossa própria existência, quem dirá do próximo. Gananciosos por poder, status e virtudes fúteis, somos assim, nascemos assim, choramos não pela vida ao nascer, pois ali acaba a consciência de gratidão, rompe se o cordão, o qual não enforcamos nossa matriarca ou nos enforcamos por pura covardia e fragilidade, sim, somos frágeis, vulneráveis, visíveis e indefesos, para tal acredito tanto complexo de superioridade sem sentido, tentamos apenas compensar tantos medos e deficiências. Homens, nem bons nem maus, apenas homens, tem seu perdão, afinal, é como se um hambúrguer se julgasse capaz de dominar o mundo, os elementos e a natureza, não é diferente, pensamos que pensamos, tanto já disse isso, exponho aqui um devaneio de um alimento pensante, acredito que seja assim a realidade geral da qual fujo dia a dia, criando mundos paralelos onde o amor existe, as pessoas são pensantes e capazes de coexistir em paz e com amor ao próximo. Cria-se parâmetros no mundo tais como religião e doutrinas para frear a sede de destruição e auto destruição do homem, é necessário temer algo mesmo que na fé, pois somos capazes de ir ao fim só para ver a cor dele e não voltar para contar, ninguém volta. Acredito na minha criação, nas minhas cores, no pulsar de minhas palavras, duras e retas, vivo aqui, sou parte disso, mas se for assim, vejo e penso diferente, antes de entregar meu ultimo suspiro ao fim, que não busquei sua cor, vou colorir as paginas que restarem com desenhos e figuras as quais só vão ver quem buscar as mesmas cores, enfim, no descolorido do existir, da ignorância indiferente e ociosa, se vive para morrer, não para viver.