Contrariedade diária

Sempre discuto com amigos sobre assuntos relacionados à política brasileira. Sou crítico contumaz e ferrenho defensor da moralidade administrativa no serviço público. Não concordo com os gastos excessivos do governo, estendendo o meu descontentamento aos poderes Legislativo e Judiciário.

Leio bastante. Jornais e revistas semanais são as fontes de informações que adiciono ao noticiário do rádio e da televisão. Dessa forma, fico a par dos acontecimentos, das estatísticas e dos vexames causados pelos políticos à Nação.

Entre o orgulho de ser brasileiro e a vergonha de fazer parte de um país reconhecidamente corrupto, estou mais para a segunda opção.

Nos últimos tempos, aborreci-me com as mais recentes notícias da ladroagem escancarada que toma conta do Brasil. Não as citarei para não cansar o leitor, possivelmente tão bem informado quanto eu, a esse respeito.

Aborreceu-me mais, saber que o terrorista Carlos Lamarca, traidor de seus companheiros de farda, foi promovido "post mortem" ao posto de coronel do Exército, com soldo de general-de-brigada, a ser recebido por seus herdeiros, que abocanharam mais trezentos mil reais a título indenizatório.

Terroristas e falsos patriotas estão fazendo farra com o dinheiro público.

Desgostou-me, ainda, outro motivo, para mim igualmente injustificável. Em minha última visita ao Palácio do Planalto, antes da atual reforma do edifício e de suas instalações, constatei duas situações no mínimo descabidas, inclusive para outros que, como eu, não admitem a mistura de prerrogativas públicas com as de natureza privada.

Em um dos mezaninos do palácio, uma exposição de fotografias mostrava ao público visitante a trajetória vitoriosa do presidente Lula. Ele, irmãos e outros parentes (não reconheci o Vavá nas fotografias) posavam para o futuro. Mais adiante, próximo ao gabinete presidencial, um gigantesco painel recordava a posse do ex-metalúrgico que, embora pouco tenha trabalhado, venceu.

Mesmo sem estudar.

E também sem trabalhar.

Um prêmio ao ócio.

A Comissão de Anistia não deveria ter premiado Lamarca. O terrorista, ao morrer fuzilado por verdadeiros defensores da democracia, não se encontrava sob a custódia do Estado brasileiro, mas em combate, a serviço do comunismo cubano.

O Palácio do Planalto, a exemplo do Palácio da Alvorada, que já foi decorado com a estrela do PT em seus jardins, não deveria ser local de propaganda política.

Nem de promoção pessoal.

Essas são as minhas recentes contrariedades.

Até quando?