O excluído é você
Já disse e repito. Gosto de escrever. Infelizmente, não sou um homem das letras, inteligente, de palavra fácil e ideias brilhantes. Se o fosse, não escreveria como o faço, tímido, falto de desembaraço, formulando opiniões às vezes desprovidas de bom senso, temeroso de que minha mediocridade literária resulte no deboche irônico do leitor.
Por falta de assunto, resolvi escrever baseado em um e-mail contendo crônica do jornalista Vitor Assis Brasil, intitulada “O grito”.
Vejamos o que disse o insígne jornalista, de quem apoveitei a ideia para produzir o texto abaixo:
Pai e filho transitavam em um veículo, preso em congestionamento provocado por passeata promovida pelo MST. O garoto pergunta ao pai o significado de “inclusão social”, nome estampado em faixas exibidas pelo Movimento.
- É o direito igual para todos, responde-lhe o progenitor.
- Os integrantes do MST são excluídos?, insiste o menino.
- Sim, confirma o pai.
Após rápido silêncio, o filho volta a indagar:
- Que devo ser quando crescer?”
A resposta foi incisiva:
- Estude muito, muito mesmo, trabalhe dia e noite; assim, será alguém na vida.
O pai reconhecia a exceção.
A viagem prossegue e o pai é multado por bloquear o trânsito. O MST, escoltado por policiais e acompanhado por uma ambulância para prestar socorro médico aos integrantes da marcha, obstrui a passagem de carros e pedestres, sem ser incomodado pelas autoridades.
A Marcha Vermelha superlota as artérias urbanas, com seus integrantes portando rádios de pilhas, dos quais ouvem músicas sertanejas que embalam alegres noitadas alcoólicas. Todos empunham ferramentas de trabalho jamais usadas, capazes de serem transformadas em perigosas armas de combate.
O movimento é político.
E guerrilheiro.
Em dado momento, os Sem-Terra param para fazer suas refeições, tomar um cafezinho, uma dose de cachaça, pitar um cigarro de palha e servir-se dos “banheiros químicos” instalados nos canteiros de flores das praças.
Tudo patrocinado pelo poder público, com dinheiro dos impostos pagos pelos “incluídos socialmente”.
O filho do nosso personagem a tudo assiste perplexo. Ouve do pai respostas indignadas. O “velho” não esconde seu desapontamento com políticos corruptos e populistas. A criança deseja saber se os integrantes do MST trabalham, pagam impostos e planos de saúde. A voz do pai, ao responder, soa como um grito de revolta:
- Não, eles não trabalham!
O jovenzinho admira-se das mordomias desfrutadas pelo movimento: repasse de verbas sociais, apoio logístico, refeições gratuitas, proteção policial, e muitos outros benefícios concedidos pelo governo.
E pela Justiça, que não pune seus atos criminosos.
Enquanto o trânsito permanece interrompido, o pai lamenta a multa aplicada por obstruir o trânsito e maldiz a hora, por chegarem atrasados ao trabalho e à escola.
As vias públicas estavam bloqueadas, com apoio da polícia. Nenhuma punição seria imputada aos manifestantes, que não são castigados nem mesmo quando, selvagemente, praticam desordens e dilapidam o patrimônio público ou particular.
Pai e filho reconhecem serem eles, como muitos de nós, os verdadeiros excluídos socialmente. Também acreditam que a farra andarilha não se extinguirá enquanto os “vermelhos” estiverem no poder.
Por quanto tempo?
O MST não tem pressa.