Pepita

Célia, quando solteira, morava com nossos pais na Travessa Santa Casa. Para ir ao trabalho, até de olhos fechados, chegaria lá, sem erro! Não tinha muitas quebras a fazer: subir a Rua Pouso Alegre, atravessar a Praça Dom Cristiano, e descer pela Avenida Getúlio Vargas, alguns quarteirões e lá estava sua sala, à sua espera. Em cima da mesa uma pilha de papéis. Eram os nós, que ela, competente e diuturnamente teria que desatar! O tempo passava mais rápido que um cometa e era chegada a hora do almoço.

Depois daquela saborosa e saudável refeição, feita no fogão a lenha e panela de ferro pela mamãe Mercês, Célia se enchia de energia, para o término da jornada daquele dia!

Mas não eram só problemas que Célia encontrava no INSS. Surpresas agradáveis também aconteciam. Um dia, voltando para casa, ela percebeu que estava sendo seguida por uma cachorrinha. Era preta com algumas manchas brancas. Pequenina, docilmente, a acompanhava. Célia se lembrou de uma passagem na vida de São João Bosco. Ele tinha também um guarda-costa, um cão que o protegia noite e dia! Chamava-se Grigio.

A cachorrinha foi bem tratada nesta nova morada: roupa lavada, passada, comida na hora e cama pra dormir! E um carinho que era essencial! Como era estimada essa cachorrinha! De lá ela não mais se afastou e recebeu o nome de Pepita. Se tivesse e-mail seria pepita@osite.com.br, mas essa era ainda não havia chegado. Todas as tardes, ela ficava espevitada, na porta da sala, à espera de sua dona.

Dos filhotes que ela ganhou, dois eram especiais: o Pingo e o Pipoca(*) que, certamente, serão personagens de uma outra história.

(*) nomes copidados das hitórias da ilustre escritora Maria Leandro Dupré: Vera, Lúcia, Pingo e Pipoca.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 04/07/2006
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