DIZER ADEUS
O adeus emocionado da moça desfazia-lhe os sentidos... Era um belo rosto de mulher, um calor que não sabia, um gosto de aventura, o desconhecido. Ele iria embora, estudar, brincar de ser alguém no mundo das máscaras que encontraria na civilização...
Ela agitava as mãos, balançava a cabeça e o coração...
Adeus! Gritava a moça. O seu coração aos pulos. Mãos, cabeça e coração. E apertava um pequeno papel contra o peito. Adeus! E só sabia dizer adeus.
Pensava ela, tremia toda. Lembrava... A certeza de que ele iria para não mais voltar... O que pode um coração? Um soneto perfeito? Um gesto inesperado? O rosto, as lágrimas e lágrimas pareciam uma imagem de sonho, distante...
Ainda escutava a voz grave no final do horizonte, onde o sol, passado, seria futuro no dia seguinte... Deixar braços e pernas seguirem o destino.
Quantas vezes dizemos adeus¿ Aqueles amigos que não veremos jamais. Os amores que não serão concretizados. O sonho dos jovens, tal qual a ave ligeira, levanta voo e vai embora... Vai embora.
Chorava, deitada no chão, a moça. Doía o peito. Chorava e dizia baixinho para si mesma algumas palavras sem sentido.
Uma girândola a vida, linhas e mais linhas desenroladas de um enorme novelo.
O trem, imagem do passado, somente dentro dos olhos, resistia e apitava...
E apitava.