Colorir a vida
Certo dia encontrei na rua um lencinho de papel, nele tinha colado uma flor feita com papel camurça e uma frase escrita a mão: "A flor perfuma até a faca que a estraçalha". Guardei aquele lenço anos a fio no fundo da minha gaveta da penteadeira como se aquilo fosse uma profecia para minha vida, um aviso de que um dia eu haveria de ser aquela flor que perfuma apesar de tudo.Não sei porque sempre gostei de ver sinais nas coisas que me rodeavam, sempre procurei um sentido e um significado para tudo.
Quando criança, bem me lembro, encontrei no terreiro da minha casa uma pedra de formato comprido e colorida, toda coloridinha, uma gracinha! Também guardei por vários anos, a achava incrível, misteriosa, sempre que a pegava ficava tentando desvendar o que ela queria me transmitir. Mas ela nada me revelava, a não ser o fato de eu gostar muito de coisas coloridas. Meus desenhos escolares sempre foram multicoloridos. Sempre sonhei que a minha casa seria cheia de enfeites coloridos. Nunca gostei de coisas muito combinadinhas, tudo da mesma cor. Acho isso muito triste. Lembro que a casa da minha infância tinha cada cômodo de uma cor e eu amava isso. quando depois mudamos para uma casa de uma cor só (por dentro), achei tudo sem graça,sem encanto.Da mesma forma, lembro da igreja da cidade da qual nasci. A sua torre tinha cada lado pintada de uma cor, era alegre e eu a amava. Depois de uma reforma a pintaram de uma só cor. Não gostei. Mas pelo menos deixaram os vitrais. Vitrais são sempre coloridos, alegres, não importa o desenho.
Ainda falando de sinais ou da busca destes, numa viagem de férias a Natal, encontrei na porta do guarda-roupa da pensão em que estávamos alojados outra frase: "A vida tem a cor que você pinta!". Nesta época eu era uma adolescente. Aquela frase me encantou ternamente "a cor que você pinta", "a cor que eu pinto", que eu quero ou que eu queira pintar. Que frase profunda para uma jovem que está começando a pintar a sua vida. uma jovem com os pincéis e as tintas nas mãos ansiosa por pintá-la.
Hoje descubro que a vida realmente tem a cor que pintamos e que, até a podemos repintá-la quando esta estiver desbotada, sem cor, sem vida. Descobri da mesma forma que a flor pode perfumar a faca que a estraçalha. Temos que viver como aquela velha poetisa bem profetizou a sua vida de dor:"quebrando pedras e plantando flores" Plantando flores no lugar das pedras quebradas, perfumando facas que nos estraçalham, pintando a vida colorida e sempre colorida.
De que vale a vida se aceitarmos a ficar apenas estraçalhados, se não plantarmos flores, se não colocarmos perfume e cor? Se não vivermos intensamente a dureza do quebrar as pedras do caminho, removê-las, ultrapassá-las. De que vale a vida se aceitarmos apenas uma cor, se não experimentarmos pintá-la sempre? Não nos conformando apenas com o cinza, o preto ou o branco, mas pintarmos, pintarmos sempre.
Certo dia encontrei na rua um lencinho de papel, nele tinha colado uma flor feita com papel camurça e uma frase escrita a mão: "A flor perfuma até a faca que a estraçalha". Guardei aquele lenço anos a fio no fundo da minha gaveta da penteadeira como se aquilo fosse uma profecia para minha vida, um aviso de que um dia eu haveria de ser aquela flor que perfuma apesar de tudo.Não sei porque sempre gostei de ver sinais nas coisas que me rodeavam, sempre procurei um sentido e um significado para tudo.
Quando criança, bem me lembro, encontrei no terreiro da minha casa uma pedra de formato comprido e colorida, toda coloridinha, uma gracinha! Também guardei por vários anos, a achava incrível, misteriosa, sempre que a pegava ficava tentando desvendar o que ela queria me transmitir. Mas ela nada me revelava, a não ser o fato de eu gostar muito de coisas coloridas. Meus desenhos escolares sempre foram multicoloridos. Sempre sonhei que a minha casa seria cheia de enfeites coloridos. Nunca gostei de coisas muito combinadinhas, tudo da mesma cor. Acho isso muito triste. Lembro que a casa da minha infância tinha cada cômodo de uma cor e eu amava isso. quando depois mudamos para uma casa de uma cor só (por dentro), achei tudo sem graça,sem encanto.Da mesma forma, lembro da igreja da cidade da qual nasci. A sua torre tinha cada lado pintada de uma cor, era alegre e eu a amava. Depois de uma reforma a pintaram de uma só cor. Não gostei. Mas pelo menos deixaram os vitrais. Vitrais são sempre coloridos, alegres, não importa o desenho.
Ainda falando de sinais ou da busca destes, numa viagem de férias a Natal, encontrei na porta do guarda-roupa da pensão em que estávamos alojados outra frase: "A vida tem a cor que você pinta!". Nesta época eu era uma adolescente. Aquela frase me encantou ternamente "a cor que você pinta", "a cor que eu pinto", que eu quero ou que eu queira pintar. Que frase profunda para uma jovem que está começando a pintar a sua vida. uma jovem com os pincéis e as tintas nas mãos ansiosa por pintá-la.
Hoje descubro que a vida realmente tem a cor que pintamos e que, até a podemos repintá-la quando esta estiver desbotada, sem cor, sem vida. Descobri da mesma forma que a flor pode perfumar a faca que a estraçalha. Temos que viver como aquela velha poetisa bem profetizou a sua vida de dor:"quebrando pedras e plantando flores" Plantando flores no lugar das pedras quebradas, perfumando facas que nos estraçalham, pintando a vida colorida e sempre colorida.
De que vale a vida se aceitarmos a ficar apenas estraçalhados, se não plantarmos flores, se não colocarmos perfume e cor? Se não vivermos intensamente a dureza do quebrar as pedras do caminho, removê-las, ultrapassá-las. De que vale a vida se aceitarmos apenas uma cor, se não experimentarmos pintá-la sempre? Não nos conformando apenas com o cinza, o preto ou o branco, mas pintarmos, pintarmos sempre.