OS POETAS DO TEMPO

Apenas os poetas faziam o que os outros poderiam supor uma besteira. E daí? Assim viviam os poetas do tempo, somente presos às palavras, mas nem a elas totalmente obedientes... A igreja matriz, cúmplice das histórias, sorria para o povo que passava apressado. Lá estavam os três inseparáveis amigos, juntos pela liberdade de sentir o sol e a juventude.

A poesia aparecia nos rostos, nos gestos, nos pensamentos de mudar o mundo. E que pretensão a dos jovens em mudar tudo o que não convém! Admirável pretensão. Os três amigos buscavam a vitória, sonhavam uma história, escutavam a canção dos jovens. Canção que hipnotizava, mudava destinos, abria caminhos... Canção ouvida apenas pelos jovens. Loucos e sãos, pobres e ricos, negros e brancos. Só os jovens escutavam e se encantavam com a melodia.

Os poetas do tempo olhavam a praça com paixão, lutavam por amor, sofriam por amor e tantas vezes riam da dor... Corriam pelas ruas de pedra e gritavam para o mundo a força que possuíam. Loucos amigos nas aventuras da vida e do amor. Histórias, muitas histórias, contadas na calçada, na noite alta e interminável. Admiráveis amigos!

Poeta! Poeta que nunca deixei de ser, aceitei, simplesmente aceitei como condição única para seguir adiante, do contrário, não poderia andar, não poderia recordar todas as histórias possíveis e impossíveis com as minhas mãos.

E dentro de mim a praça continua a mesma, intacta, imutável. As mesmas ruas de pedra, o mesmo vento silencioso, as mesmas cantigas e os mesmos amigos dentro de mim.

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 02/10/2009
Reeditado em 02/10/2009
Código do texto: T1843473
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