ALGUÉM IRADO
ALGUÉM IRADO
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Decerto você já teve oportunidade de ver alguém portando, em dado momento, esse que é um dos Sete Pecados Capitais: a Ira.
A pessoa parece estar envolta por uma espécie de furor e seus olhos avermelham-se, também parecendo quererem saltar de suas órbitas, sua voz altera-se, suas mãos adquirem uma enorme força e, como um todo, perdendo seu controle.
Todavia, por que tudo isto acontece?
Existem razões e razões para tanto. Um fator é, de imediato, a primeira causa: esse alguém foi tremendamente contrariado em algum cantinho de seu cérebro ou de seu coração. Diga-se, por exemplo, que estava dormindo e foi acordado de modo brusco por outra pessoa trazendo-lhe uma notícia desagradável ou extemporânea. Talvez até estivesse sonhando com o oposto daquela notícia e se assim estivesse sendo, acordar abruptamente, sem dúvida, é motivo, em primeira instância, para deixar esse alguém atormentado. Juntando-se a este estado um tanto de fadiga, decorrente de muito trabalho doméstico ou não usual ou algo similar no campo sentimental ou mental, dá para afirmar, sem margem de erro, que a bomba tem de explodir mesmo. Entretanto, imediatamente depois de descarregar esse acúmulo de tensão em algo ou alguém, ocorre a volta ao estado normal.
Com este retorno conclui-se, de pronto, que a Ira é um estado passageiro que acomete aquela pessoa, a qual, logo em seguida, nem parece ter passado por tal turbilhão. A tranqüilidade assume seu posto, a ordem volta a cada canto do até então irado ser, restituindo-lhe os ares de normalidade que o acompanham, na totalidade do tempo., nem também parecendo ter sido tocada por esse pecado, essa atitude comportamental que tanto altera até as expressões faciais como se estivesse possuído por um ser estranho a tomar conta de suas rédeas.
O relato resumido dessa figura e as respectivas atitudes então decorrentes mostram quantas alterações acontecem no interior da pessoa. Uma que se, tivéssemos tido tempo para aferir, naqueles breves instantes, seria a pressão arterial, fora as alterações hormonais que se processariam, uma quase que total descompensação das funções de cada célula do organismo.
Talvez seja até por isso mesmo que a Ira seja considerada Pecado Capital, eis que coloca o organismo humano a serviço de atitudes que podem ser tidas como insanas, pois que, na falta de controle, o carro-corpo todo se desgoverna, gerando momentos de, no mínimo, perigo ao próprio ser humano ou a outros que estiverem por perto.
Esta é uma razão crucial para não se deixar ser atingido pela Ira, devido aos riscos severos que a acompanham, podendo mesmo trazer situações fatídicas, de vez que a pessoa irada está no limiar das raias do descontrole, além dos males que provoca a si mesma.
Portanto, quando se apresentarem sinais perceptíveis de Ira é medida de bom alvitre readquirir os controles para que nenhuma estupidez seja perpetrada contra si mesmo ou contra outrens.
Por tal risco é melhor não deixar escapar das mãos a calma, a tranqüilidade, o espírito pacífico que sempre deve estar dentro do núcleo de nossas massas cinza e pensante e a pulsante.
Enfim, riscando a Ira da lista dos Sete Pecados Capitais, os outros seis também hão de merecer nossas atenções, com o firme propósito de também bani-los da lista, deixando-a uma folha branca como a paz, cessando maiores dissabores e desencontros que o corpo e a mente sofrem pela incursão em qualquer outro deles.
Para simples menção, se os tentáculos da Preguiça tivessem açambarcado tua vontade é indubitável que jamais terias chegado a este ponto final.