Crônica do dia: Fotos
As fotos estão aqui em minhas mãos, pouco á pouco decifro cada uma com uma ferocidade voraz, primitiva.
Instantes congelados, paralisados do que um dia , um momento parecia-nos o banal.
Enganamo-nos, quimeras de mortais bestializados pelo torpor do afligir indigno, aquele que insiste em provar segundo após segundo que não somos felizes!
Depois o tempo, este monstro devorador de viveres nos mostra em negativos o quanto nos equivocamos.
Agora restam apenas as fotos, dias que se foram, dias que julgávamos insonsos, descabidos, desmedidos.
Hei de lembrar-me, a próxima, juro que na próxima foto, ali naquele exato momento estarei bem atenta, certa de que aquele instante é o mais feliz de minha existência....
Impressionante a solidão que nos é ofertada, quando estamos sós, despidos do mundo, das convenções, dos preceitos sociais a nós impostos goela a baixo.
É neste deixar de existir que somos obrigados a reconhecer nossa total incapacidade em negociar com a solidão!
Com esta não tem artimanha, esconde-esconde, brincadeira descabida, a solidão é de fato a companheira mais amiga, ao mesmo tempo que nos intriga, convida para a dança macabra das horas mal acabadas!