Crônica do dia: Fotos

As fotos estão aqui em minhas mãos, pouco á pouco decifro cada uma com uma ferocidade voraz, primitiva.

Instantes congelados, paralisados do que um dia , um momento parecia-nos o banal.

Enganamo-nos, quimeras de mortais bestializados pelo torpor do afligir indigno, aquele que insiste em provar segundo após segundo que não somos felizes!

Depois o tempo, este monstro devorador de viveres nos mostra em negativos o quanto nos equivocamos.

Agora restam apenas as fotos, dias que se foram, dias que julgávamos insonsos, descabidos, desmedidos.

Hei de lembrar-me, a próxima, juro que na próxima foto, ali naquele exato momento estarei bem atenta, certa de que aquele instante é o mais feliz de minha existência....

Impressionante a solidão que nos é ofertada, quando estamos sós, despidos do mundo, das convenções, dos preceitos sociais a nós impostos goela a baixo.

É neste deixar de existir que somos obrigados a reconhecer nossa total incapacidade em negociar com a solidão!

Com esta não tem artimanha, esconde-esconde, brincadeira descabida, a solidão é de fato a companheira mais amiga, ao mesmo tempo que nos intriga, convida para a dança macabra das horas mal acabadas!

Julia Lopes Ramos
Enviado por Julia Lopes Ramos em 11/09/2009
Código do texto: T1803726
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