A Crônica do Dia: Sobre o amor, considerações históricas
Confesso, penso ser este um assunto demais aprofundado, falado, escrito, filsofado, mas que se danem as repetitividades em relação a este sentimento fruto da mais incrível experiência de que um ser pode vivênciar.
Apesar de tão debatido, o amor raríssimas vezes é sentido e vivido em sua real plenitude, afinal somos todos humanos, mas que paradoxo, não é justamente esta humanidade que nos faz amar...
Talvez não, somos uma só raça, a "humana", para queles que ainda insistem em subdividir nós os humanos em categorias raciais, peço a gentileza de se informarem historicamente sobre o conceito racial forjado lá pelo século XIX, que depois fundamentou a escravidão.
Mas veja só caro leitor ou leitora, ou ambos os sexos fundidos em um único ser, pode lhe parecer que cometi uma fuga do tema ao qual me propus a escrever, não se engane, o amor ou melhor a falta do memso tem tudo a ver com a tal categorização acima descrita.
Estou trabalhando a Segunda Guerra mundial com meus alunos das oitavas séries, resolvi então levar um filme cujo contexto obviamente esta dentro desta perspectiva.
O Menino de Pijamas Listrados, a história mostra um oficial do exército alemão que recebe uma promoção, muda-se então com a família para o Campo de Concentração que irá comandar.
Apesar da casa luxuosa estar um pouco distante do local das atrocidades, eis que o filho mais novo deste comandante acaba em sua explorações por descobrir o segredo por detrás da floresta.
Ali de um lado da cerca o alemãozinho faz amizade com um garoto da sua idade, prisioneiro do campo.
O filme mostra com primazia o olhar infantil desprovido ainda daquela mórbida crueldade da qual o "ser humano" é capaz.
O amor da amizade floresce, dividido por uma cerca eletrificada, apenas isso impede que crie asas, pois os dois meninos ainda não compreendem o real impedimento de serem amigos.
A falta total de amor, o sentimento mais medícre que se pode apoderar de almas decaídas, a crença de que uns podem ser superiores aos outros, o preconceito puro e límpido dentro de seu lamaçal.
Enquanto assistiam ao filme pude observar, que em alguns brotaram lágrimas, embora em sua adolescência tentem disfarçar, mas isto me fez imensamente feliz, ali vi que o amor não se acaba, apesar daqueles que insistem em fazer piadinhas e não se apercebem de que o Holocausto existiu, foi possível sim, não é apenas uma história inventada para ser colocada nos livros.
Ao fim de tudo, quando passavam as legendas, iniciei uma conversa sobre as impressões deixadas pelo filme, salientei mais uma vez os seis milhões de judeus exterminados pela podre política de Hiltler, mas também os lembrei o fato de que este ditador sanguinário foi eleito pelo povo, um povo que acreditou em seus discursos de superioridade.
Um povo que necessitava reafirmar seu ideal de nação plena e absouta.
Falei também sobre os grupos neonazistas que hoje ainda cultuam esta abominável forma de pensar e saem por aí espancando grupos por eles considerados minorias, como negros, homossexuais...
Salientei que quando permitimos que o preconceito vingue estamos a um passo para a exclusão e da exclusão a um passo para a segregação e dela a um passo para o extermínio!
Eis ai a falta que o amor faz em uma humanidade, o amor é livre de todas estas amarras, de toda e qualquer pequenez.
O amor é fruto de uma evolução mental, um despreendimento total, onde o único desejo é ver a felicidade do outro, seja ele como for, quem for, o amor não conhece fronteiras, não estabelece limites ou cercamentos.
O amor é o mais nobre dos sentimentos, talvez por isso seja tão poetisado, declamado, mas ao mesmo tempo é o sentimento que mais tempo leva para se construir, solidificar.
Para se amar não existe regra, receita, existe apenas o desejo de se aprender a amar, mas para isto temos que nos tornarmos melhores, primeiro em nosso íntimo, sabendo que o enlevo de estarmos aqui, de estarmos vivos, é uma constante busca pelo aprimoramento deste nome que nos deram "humanos", quando cada um houver decifrado seu próprio hieróglifo, o amor emergirá e jamais será deposto, ou incinerado em fornos crematórios.