DIA DA INDEPENDÊNCIA (2009)

Prof. Antônio de Oliveira*

Nos meus tempos de internato, ouvi várias vezes esta frase:

“É mais fácil obedecer que mandar”.

Sim, isso mesmo, mais fácil... e menos comprometedor.

Comemoramos o Dia da Independência no dia 7 de setembro,

independência formal do colonizador estrangeiro.

E passamos a viver dessa ilusão, continuando a conviver até hoje, desde 1822, com os coronéis da política, herdeiros nacionais de uma política de opressão, manipulação, lavagem de cérebro e de dinheiro, com seus discursos enfáticos como se a população vivesse apenas de pão e circo.

Perdoem-me os bravos circenses, mas foi Juvenal quem o disse,

em tempos idos, indignado contra os vícios de Roma.

Hoje, o pão é garantido pelo bolsa-família. Espetáculos circenses se reproduzem, de maneira caricata, em shows municipais custeados com dinheiro público. E estamos entendidos. Vivendo uma inflação controlada, numa macroeconomia relativamente estável e gerida de forma ortodoxa, paradoxalmente num governo popular que, em nome da governabilidade,

se alia a coronéis, inclusive num cenário de senado em que se usa,

sem ofensa ao decoro parlamentar, a expressão coronel de m... pois aí existe um condescendente colegiado de ética. Caráter irrevogável, na casa legislativa máxima, significa, no dia seguinte, eu fico... Estamos mendigos carentes

de políticos de expressão, que de expressões os temos muitos.

E, mais uma vez, estamos entendidos.

Onde os sindicalistas e os estudantes do tempo da repressão? Nem é bom perguntar. Isso pode parecer retrocesso num clima collorido e anestesiante.

O fato de termos um presidente ex-operário, o que sem dúvida é significativo, não significa que tudo se transforme como num passe de mágica.

Nem com pt saudações.

Continuamos quase duzentos milhões de brasileiros dotados de inteligência, teórica, heroica e constitucionalmente livres e iguais perante a lei.

Será que nossas instituições não estão em crise de independência e harmonia? Família, escola, governo tripartido à montesquiana, igrejas muito sacrais e pouco engajadas. Parece que não é hora mais de defender posições, mas de questionar, de ponderar sem radicalismos, de encontrar novos caminhos, de reinventar soluções genuinamente democráticas.

Parece que determinados slogans, tipo propaganda na televisão,

canal de comunicação que mudou o mundo, mesmo andando desgastados

funcionam como ópio do povo... Mas o bom mesmo não é ver novela...

O bom mesmo não é comemorar o Dia da Independência que nem aluno uniformizado e ufanista de antigamente. Isso já é careta. Mas o bom mesmo, convenhamos, é viver a independência. Quem sabe a gente chega lá?!...

*Coordenador e Supervisor da Consultoria Acadêmico-Educacional (CAED). Técnico em assuntos educacionais há 30 anos, com experiências no serviço público e na atividade privada. Mestre pela Universidade Gregoriana de Roma. Realizou estágio pedagógico em Sèvres, França. É graduado em Estudos Sociais, Filosofia, Letras, Pedagogia e Teologia. Pesquisador e consultor, presta assessoria, dentre outras instituições, à ABMES, Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, sendo responsável pela montagem do Anuário de Legislação Atualizada do Ensino Superior. Ministra também cursos de legislação do ensino superior.

aoliveira@caed.inf.br - www.caed.inf.br

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 04/09/2009
Reeditado em 04/09/2009
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